A proposta de criação do Colégio de Especialidade de Medicina de Urgência vai ser discutida e votada amanhã, segunda-feira, na reunião da Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos. Apontada por muitos como uma das soluções para os problemas das urgências, a nova especialidade, em discussão há vários anos, tem recebido oposição da Medicina Interna, uma das especialidades base da urgência.
Corpo do artigo
No sábado, a presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) considerou inoportuna a criação da especialidade de Medicina de Urgência. Segundo Lélita Santos, a SPMI entende que, "neste momento, não é oportuno".
"Para já não concordamos, e até nos opomos à criação da nova especialidade. Achamos que primeiro temos de organizar ou reorganizar o Serviço Nacional de Saúde", disse a médica à agência Lusa.
"Nada tem a recear"
Em reação, a presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Urgência e Emergência (SPMUE), Adelina Pereira, enviou uma "mensagem de tranquilidade" à Medicina Interna, considerando que esta "nada tem a recear" com a criação de uma nova especialidade de Urgência.
Numa carta a que a Lusa teve acesso, Adelina Pereira disse que a possível nova especialidade trará um contributo "para a gestão de serviços de urgência de norte a sul do país e regiões autónomas, permitindo a constituição de quadros médicos próprios, com formação de excelência, que irão exercer lado a lado com as demais especialidades já existentes".
Adelina Pereira considera a Medicina Interna, atualmente, "uma especialidade sobrecarregada e cansada", referindo que os seus serviços "estão despovoados" e que a situação "vai piorar".
Na semana passada, 56 antigos e atuais diretores de serviços de urgência do país subscreveram um manifesto a defender a criação da especialidade, que consideram indispensável face às "enormes insuficiências" da rede hospitalar.
Presente em quase toda a Europa, a nova especialidade começou a ser discutida na Ordem dos Médicos quando o bastonário era José Manuel Silva. E em 2019, o Colégio da Competência em Emergência Médica da OM, liderado por Vítor Almeida, entregou a proposta que vai a votos.