A presidente do CDS-PP considera que Paulo Núncio, ao assumir a sua "responsabilidade política" pela não publicação de dados relativos às transferências de dinheiro para "offshores", revela "uma grande elevação de caráter".
Corpo do artigo
"Paulo Núncio mostrou uma grande elevação de caráter e o país deve muito ao doutor Paulo Núncio pelo trabalho de combate à fraude e à evasão fiscal", disse Assunção Cristas aos jornalistas, em Gouveia, na Guarda, durante uma visita à feira ExpoSerra, que decorre até ao dia de Carnaval, por iniciativa da Câmara Municipal local.
5691720
O antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, assumiu no sábado a sua "responsabilidade política" pela não publicação de dados relativos às transferências de dinheiro para "offshore", pedindo o abandono das suas funções atuais no CDS-PP.
Nas declarações aos jornalistas, em Gouveia, Assunção Cristas disse ainda que, em relação aos montantes que não apareceram reportados pela Autoridade Tributária "é preciso esclarecer a fundo o que é que se passou".
"Há uma Inspeção Geral de Finanças a funcionar e, naturalmente, nós, no Parlamento procuraremos averiguar todos os factos. Coisa diferente é a questão da publicação das estatísticas e sobre essa matéria o doutor Paulo Núncio já se pronunciou e, certamente, no Parlamento poderá dar mais explicações, porque lá irá quarta-feira", disse.
A líder nacional do CDS-PP lembrou que o seu partido, "desde a primeira hora" entendeu "que tudo deveria ser visto e esclarecido".
"Esta atitude do doutor Paulo Núncio mostra com muita clareza que está disponível para todos os esclarecimentos e que tem uma grande elevação de caráter, coisa que infelizmente não se vê no nosso espaço político, em todos os quadrantes políticos", sublinhou.
Disse que o CDS regista a atitude que pareceu "muito oportuna" e "demonstrando uma grande elevação de caráter, o que vai em linha com o extraordinário trabalho" que Paulo Núncio fez.
Cristas reafirmou que, como já disse no Parlamento, "não há nenhum montante perdido e se ainda é possível recuperar algum eventual montante destas verbas (...), então isso deve-se também ao trabalho de passar de quatro para 12 anos o prazo para se poder recuperar algum montante que eventualmente seja devido".
"Estamos muito a tempo de fazer essa recuperação e certamente estamos a tempo de fazer a averiguação de tudo aquilo que se passou para esses montantes não serem conhecidos pela Autoridade Tributária. É preciso verificar o que se passou e, no CDS, estamos muito empenhados em esclarecer toda a verdade nesta matéria", rematou.