Seguradoras estão a ter mais despesas também com os cuidados de saúde que, nalguns casos, terão sido adiados e podem obrigar a tratamentos mais caros.
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Os custos das indemnizações pagas pelas seguradoras portuguesas por incapacidade ou morte nos seguros de vida, designadamente devido à covid-19, aumentaram 22% em junho face ao mesmo mês do ano passado, com um aumento de 4,7 pontos percentuais na sinistralidade. Nos seguros de saúde, a sinistralidade também aumentou 5 pontos percentuais e os custos subiram 16,4%.
Os custos com sinistros nos seguros de vida chegaram a 211 milhões de euros, em junho deste ano, mais 22% que os 173 milhões de euros suportados no mês homólogo do ano passado. A taxa de sinistralidade subiu, no período em apreço, de 29,8% para 34,4%, uma variação que a Associação Portuguesa de Seguradores (APS) admite ter a ver "com o aumento do número de mortes associadas à infeção por covid-19".
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A tendência de subida verificou-se durante todo o primeiro semestre deste ano, segundo José Galamba de Oliveira. O presidente da APS explicou, ao JN, que "a subida de sinistralidade deverá estar associada ao acionamento de seguros com capital seguro mais elevado e/ou a um aumento de mortes e incapacidades".
Não há dados globais para os pagamentos relativos a sinistros com seguros de vida devido à covid-19, mas a Fidelidade, a maior seguradora portuguesa, revelou que "desde o início da pandemia, em março de 2020, já foram pagas indemnizações no valor de 2 849 441,33€, relativas a 111 sinistrados, com 127 sinistros" diretamente relacionados com o vírus. A diferença entre sinistrados e sinistros "explica-se pelo facto de um sinistrado poder ter mais do que uma apólice contratada".
Saúde em dia
No Grupo Ageas, que inclui algumas das marcas mais fortes em seguros de vida, como a Ocidental e a Ageas Seguros, "o valor global estimado de custos relacionados com covid-19 no âmbito dos seguros de Vida Risco do Grupo Ageas Portugal, até 31 de julho de 2021, ultrapassam já os 5 milhões de euros". A estes custos, somam-se ainda "os custos extra que tivemos com covid-19, em saúde, que totalizaram cerca de 15,3 milhões de euros" até ao fim de julho.
A tendência é de subida dos custos em todo o setor: em junho, segundo dados da APS, os custos com sinistros de seguros de saúde subiram 16,4%, para 362 milhões de euros, com uma taxa de sinistralidade de 72,2% (mais 5 pontos percentuais que em junho de 2020).
"Além de um aumento dos próprios custos da prestação de cuidados de saúde - desde logo com a realização de testes covid e o pagamento de equipamento de proteção individual -, assiste-se à recuperação de atos médicos em atraso", explicou José Galamba de Oliveira. "Não é também de excluir que, nalguns casos, o adiamento na despistagem e no tratamento de doenças tenha originado o seu agravamento, que agora também começa a ser evidenciado neste aumento de custos", acrescentou.