O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, defendeu, esta sexta-feira, o reforço do papel da mulher na Igreja, advogando que o feminino não pode ser apenas “uma dimensão suplementar” e que “precisamos de mulheres em lugares de responsabilidade”.
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D. José Ornelas falava esta sexta-feira em entrevista à RTP 3, à margem da Jornada Mundial da Juventude, quando foi instado a comentar a defesa que o Papa Francisco fez das mulheres na Igreja. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa interpretou que o Papa quis dizer que “nós precisamos de mulheres em lugares de responsabilidade, onde se tomam decisões”, e que “o feminino não pode ser tido simplesmente como uma dimensão suplementar da igreja”. Com as quais concorda, afirmou.
Segundo José Ornelas, “ainda há muita gente na igreja que entra em confusão quando vê saias perto do altar” e “isso não é a lógica de Francisco nem é a lógica do evangelho”. Entende, por isso, que é preciso “rever muitas coisas na igreja a esse respeito, sem ruturas mas com clareza”. Ressalva, porém, que apesar de a mulher ter um papel menor do que o homem na igreja (não podem celebrar missas ou participar em conclaves), “dizer que as mulheres não têm um papel na igreja é no mínimo ter os olhos fechados”, pois também é a elas que está entregue atualmente a educação clerical das crianças.
Na entrevista, José Ornelas admitiu que já reuniu com vítimas de abusos sexuais por parte de elementos do clero e que essas reuniões também aconteceram “com outros bispos”. Contudo, a regra é que as vítimas se reúnam com os elementos da comissão independente “porque justamente algumas pessoas têm ainda dificuldade em falar com pessoas da igreja”, o que é “compreensível”, admite.
O bispo de Leiria-Fátima viu com concordância as palavras do Papa Francisco sobre os abusos na igreja católica: “Achamos que é preciso sacudir a igreja e a sociedade. O que se passa com os abusos e com outras formas de colocar ao lado os mais frágeis ou pô-los ao meu serviço, isso não é tolerável e particularmente não é tolerável na igreja”.