Na quarta-feira, Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, e Eugénia Correia, chefe de gabinete de João Galamba, relataram versões diferentes sobre o que levou à rutura entre as partes. Eis quatro pontos que os deputados deverão pedir que o ministro esclareça na audição da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que já decorre.
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O que foi dito sobre as notas que o ex-adjunto tirou na reunião entre a CEO da TAP e o PS?
Frederico Pinheiro garantiu ter tirado notas em "centenas" de reuniões com entidades externas. Assim, "é inverosímil achar-se que não tinha notas de uma reunião tão importante", frisou, referindo-se ao encontro de 17 de janeiro entre a ex-CEO da TAP e o PS. Segundo o ex-adjunto, Eugénia Correia indicou que não seria revelada a existência da reunião de 16 de janeiro, entre a ex-CEO e Galamba, e que, em caso de CPI, "as notas não seriam entregues". Esta disse que só soube das notas a 24 de abril, tendo pedido a Frederico que entregasse o respetivo ficheiro, de modo a conferir se este teria sido criado em janeiro. "Não entregou o ficheiro informático, mas um papel", alegou.
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Houve violência? Quem agrediu quem?
O ex-adjunto disse ter agido "em legítima defesa" ao ser agarrado por quatro pessoas. Considerou-se vítima de "sequestro" e negou qualquer roubo. "Sou o agredido e não o agressor", afirmou, dizendo ter um relatório médico que o prova. Eugénia Correia relatou uma versão diferente: "Agarrei a mochila do dr. Frederico, nem toquei nele. Em consequência, ele dá-me um murro", referiu, dizendo que uma outra funcionária levou "vários murros". Segundo a chefe de gabinete, não haverá filmagens de vigilância do piso em que as agressões terão ocorrido.
Qual foi o papel do SIS? Quem o acionou?
Pinheiro disse ter recebido uma chamada do SIS para que entregasse o computador. O agente terá dito que estava a ser "muito pressionado de cima" e que seria "melhor" resolver as coisas "a bem". A chefe de gabinete reconheceu ter sido ela a contactar as secretas - contrariando Galamba, que dissera, em abril, ter sido ele a fazê-lo: "No exercício das minhas funções e cumprindo as orientações que recebi, pedi uma chamada para o SIRP", relatou Eugénia. "Depois de ter pedido uma chamada para o SIRP, sim, recebi uma chamada do SIS".
Também houve divergências sobre um telemóvel. Quais?
Frederico disse que os ficheiros de Whatsapp do seu telemóvel sofreram um "apagão" após uma inspeção "ordenada" por Eugénia para tentar recuperar conversas com a ex-CEO da TAP - já que esta apagava as mensagens que enviava. A chefe de gabinete contrapôs que foi o ex-adjunto o único a mexer no aparelho, na presença de um informático, e que há testemunhas. Frederico acusou ainda o ministério de ter querido recuperar o computador mas não o telemóvel, alegando que isso prova que só tinham interesse nas suas notas e não nos documentos classificados. Eugénia frisou que, segundo o diretor do Centro de Gestão da Rede Informática do Governo, o telemóvel estava cancelado, o que não acontecia com os documentos que estavam no computador.