Catarina Costa relata nas redes sociais a sua experiência de 26 dias de internamento.
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Se fosse hoje, Catarina Costa, de 38 anos, não duvida que teria tomado a vacina contra a covid-19 e evitado a experiência do último mês no Hospital da Guarda. Negacionista assumida, a professora que trabalha na comunidade terapêutica de Santa Isabel, em Seia, testou positivo a 20 de novembro e passou 26 dias internada, 12 dos quais em coma induzido. "Achava que, mesmo sendo infetada como aconteceu e não tendo histórico de doenças crónicas, tudo seria ultrapassado com sintomas ligeiros", recordou a mulher, que teve alta na segunda-feira e recupera lentamente em casa. E mudou de ideias ao ponto de querer dizer ao mundo que estava errada e que, no contexto desta pandemia, as certezas são frágeis.
"Pensei que tinha de contar que também estava segura em não tomar a vacina e aconteceu-me o que não imaginava", justificou para explicar que, mal recuperou algumas forças, passou a relatar a sua experiência na unidade de cuidados intensivos onde as cinco pessoas internadas tinham recusado tomar a vacina.
Olá vida nova
Pude sentir o que é a vulnerabilidade total
"Enquanto estive em coma, pude ouvir tudo quanto dizia a equipa de médicos e enfermeiros, até as mensagens que me enviavam da comunidade onde trabalho e percebi a luta que todos travavam para nos salvar a vida", sublinhou Catarina que diz ter renascido, apesar de ter ainda muitas batalhas para travar. "Após esta experiência, pude sentir o que é a vulnerabilidade total, o que é dependermos de alguém para tomar banho e, ainda agora, ao regressar a casa, vivenciei a alegria de conseguir cortar a primeira fatia de pão", expressou.
Desde o início da pandemia, passaram 153 doentes pelos cuidados intensivos do Hospital da Guarda e 20% não sobreviveram. A Unidade Local de Saúde reforçou o número de camas e, no último mês, 80% dos doentes mais críticos não quiseram tomar a vacina.
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