O debate televisivo desta quinta-feira às 20.30 horas entre Rui Rio e António Costa vai ser "importante", sobretudo para atrair o voto dos indecisos, mas não vai ser decisivo para o resultado eleitoral do dia 30, acreditam vários politólogos. O líder do PSD crê que parte com "vantagem" sobre o secretário-geral socialista. Mas os especialistas consideram que o também primeiro-ministro tem "um guião muito bem oleado".
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"É evidente que o debate é importante. Se é decisivo, já não sei. As eleições decidem-se nos indecisos", lembra o investigador do ISCTE, José Manuel Leite Viegas.
"Em condições normais, os debates não são decisivos em termos de definição do voto das pessoas. Mas há pessoas que poderão ser influenciadas, sobretudo as que ponderam o voto útil em vez de o voto no seu partido", acrescenta José Palmeira, da Universidade do Minho, lembrando que, segundo as sondagens, existem 24% de indecisos.
O apelo ao voto útil
Para atrair o voto dos indecisos, Rui Rio e António Costa irão procurar concentrar-se sobretudo no que os distingue e afastarem-se dos temas em que estão em sintonia, antecipam os especialistas em Ciência Política.
"Rui Rio e António Costa estão interessados em mostrar aos eleitores que o que faz sentido é a bipolaridade, que o que está em causa é a governabilidade do país", sublinha o professor universitário Viriato Soromenho Marques, advertindo: "O problema vai ser encontrarem divergências para que não se torne muito objetivo que são mais aparentes do que reais".
Nesse sentido, o secretário-geral socialista irá reafirmar a mensagem de Natal, ou seja, a tese de que não se deve "mudar de general a meio de uma guerra". "Vai questionar como foi destituído um Governo numa situação crítica do país, quando estávamos numa fase de melhorias sociais", antecipa José Manuel Leite Viegas.
Já o líder social-democrata reafirmará que o "Governo está esgotado" e que, ao contrário do PS que não segurou a "geringonça", irá conseguir um acordo parlamentar estável com partidos como a IL e o CDS-PP, prevê José Palmeira.
evitar cometer erros Rui Rio afirmou, na quarta-feira, precisamente que António Costa parte em "desvantagem" para o debate, que será transmitido pelos três canais generalistas, por não assumir "respostas claras" sobre os cenários de governação após as eleições.
"Acho que o primeiro-ministro está, neste momento, em desvantagem, e o PS. Porque eu tenho uma resposta clara para cada situação em concreto e o drº António Costa não tem", disse o líder do PSD, no final de uma reunião com a Ordem dos Enfermeiros.
Rui Rio acusou o seu adversário de só ser claro num cenário de derrota, ao repetir que se demite. "A partir daí, refugia-se, dizendo que quer uma maioria absoluta, isso eu também quero, queremos todos", atirou.
"António Costa tem um guião, um modelo, já bem oleado", contrapõe, porém, José Palmeira, embora admita ser uma incógnita o efeito da estratégia de Rui Rio em entrar nos debates a tentar atrair "o eleitorado dos seus adversários". "Vai ser um debate equilibrado em que cada um tentará não cometer erros", conclui.
Audiência
2,66 milhões de pessoas
O debate das legislativas de 2019 entre Rui Rio e António Costa foi visto por um recorde de 2,66 milhões de pessoas.
Pormenores
75 minutos
Nas legislativas de 2019, Rio e Costa estiveram duas vezes frente-a-frente. Desta feita, há apenas um, esta quinta-feira, às 20.30 horas e com a duração de 75 minutos. O debate vai decorrer no cineteatro Capitólio (Lisboa). Será moderado por João Adelino Faria (RTP), Clara de Sousa (SIC) e Sara Pinto (TVI).
O melhor Centeno
Há dois anos, os debates centraram-se no modelo económico, impostos e estado da justiça. E ficou célebre a discussão sobre quem teria o melhor ministro das Finanças. "António Costa tem o Mário Centeno. Eu também tenho", disse Rio, ao que Costa retorquiu: "Melhor seis meses do meu Centeno do que quatro anos do seu".
Os temas
Esta terça-feira, a estratégia económica voltará a estar em cima da mesa, assim como a fiscalidade. Justiça, estado do Serviço Nacional de Saúde e governabilidade também.