Cerimónia evocativa ficou marcada pelas memórias e relatos de historiadores, Gonçalo Marques e Virgílio Loureiro, e da arquiteta paisagista Teresa Andersen.
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A cerimónia de celebração dos 115 anos da demarcação da Região dos Vinhos Verdes decorreu ontem, no Porto, com episódios e memórias relativas à região a serem contadas na sessão que contou com a presença de Gonçalo Marques e Virgílio Loureiro, ambos historiadores, e Teresa Andresen, arquiteta paisagista. A moderação ficou a cargo do jornalista Manuel Carvalho.
Na conversa, que ficou marcada pelas memórias e histórias dos intervenientes, a arquiteta paisagista, Teresa Andresen, mencionou que é apaixonada pela região desde “os anos 70”. Desde essa altura, e relembrando a evolução, lamentou que a “capacidade de levar o vinho aos mercados internacionais esteja muito empresariada” devido aos “avanços tecnológicos”. Referiu ainda que a mecanização fez com que “a policultura desaparecesse”.
Virgílio Loureiro admitiu ter “dúvidas” de que a região esteja a ser “bem aproveitada”, mas garantiu que “o verde é, de facto, a grande região vitícola de todos os tempos”.
“Sou um beirão que se apaixonou por esta região [também] nos anos 70”, confessou. O historiador referiu que o potencial da zona é “fantástico” e acrescentou que o vinho verde é “uma cápsula do tempo” porque há cerca de 200 anos, “existia por toda a parte”, incluindo nas ilhas, e atualmente “só existe por aqui”. É este mote que deu origem ao estudo atual de Virgílio Loureiro: está dedicado a entender o papel do sistema senhorial e do vinho na economia da época.
Gabriel Marques, investigador, concordou com a metáfora de Virgílio e falou do que tem vindo a estudar, deixando a curiosidade instalar-se quando mencionou que “o futuro está no passado”, acrescentando que, no futuro, “não se pode cometer os mesmos erros que outros”.