Dermatologista ganhou mais de 700 mil euros por 500 cirurgias em horário extra
O dermatologista do Hospital Santa Maria que tem estado no olho do furacão nos últimos dias ganhou mais de 700 mil euros por 500 cirurgias realizadas em horário adicional. O hospital pagou quase quatro milhões de euros a outros seis dermatologistas entre 2021 e 2024.
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As contas, apresentadas pelo jornal "Expresso", revelam que as idas ao bloco operatório deste clínico ascenderam a 1438 euros em média durante os quatro anos em causa, um valor ligeiramente abaixo do cobrado em todo o serviço de dermatologia, que se situou nos 1444 euros.
O semanário revela que o dermatologista realizou 497 cirurgias em produção adicional e quase 1500 em horário regular, cumprindo a exigência de realizar três intervenções em dias úteis por cada adicional.
O médico, que é especialista há apenas dois anos, recebeu, entre 2021 e 2024, 715 mil euros pelas 497 cirurgias realizadas em horário extraordinário.
Com os incentivos do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), o médico aumentou os ganhos extra em 200%, de 28 525 euros para 423 mil euros no ano passado.
O Ministério Público abriu um inquérito a este caso. Num só dia, o médico recebeu 51 mil euros. A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou a investigação na sequência da notícia divulgada pela CNN.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) também abriu esta segunda-feira um inquérito à atividade cirúrgica adicional realizada no SNS, assim como uma auditoria aos factos relacionados com a atividade cirúrgica realizada em produção adicional e classificação dos doentes em grupos de diagnósticos homogéneos (GDH), no Serviço de Dermatologia da Unidade Local de Santa Maria, desde 2021 até ao momento.
Também esta segunda-feira, a ministra da Saúde considerou que este caso “em nada abona na confiança dos portugueses”.
“Até as averiguações serem feitas, reside sobre a instituição, neste caso o maior hospital do país, (…) uma suspeita que em nada abona na confiança dos portugueses, sobretudo daqueles que aguardam numa lista de espera por ter uma cirurgia ou por ter uma consulta”, disse Ana Paula Martins.