Não se consegue agendar antes de novembro, não há juntas médicas e a Polícia evita ajuntamentos à porta das Finanças.
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Rita (nome fictício) está desde abril à espera da renovação do cartão de cidadão. Já respondeu duas vezes à mensagem para renovação automática. Nunca recebe os códigos para efetuar o pagamento. Marcação presencial, na Póvoa de Varzim, só no final de novembro.
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O cartão de cidadão de Rita caducou no final de abril. Recebeu uma mensagem para autorizar a renovação por SMS. Disse que sim. Ficou a aguardar as referências multibanco, que deveriam chegar pelo correio, para efetuar o pagamento. Nada. Em julho, recebeu nova mensagem. Voltou a responder que sim. Guarda-as no telemóvel como "comprovativo". Até hoje, nada. Se quiser ser atendida presencialmente, na Póvoa, só a 27 de novembro, na vizinha Vila do Conde só dia 2 de dezembro e, no Porto, a 26 de outubro. O cartão está válido apenas até 30 de outubro.
Nas Finanças, em Vila do Conde, a marcação de atendimento presencial está a demorar oito dias. Até nem seria "dos piores", não fosse haver gente que não sabe fazer online e o contacto com a linha de atendimento leva até os mais pacientes ao desespero. Todos os dias se acumulam utentes à porta da repartição, na esperança de que alguém lhes responda. Na sexta-feira, a Polícia foi chamada para evitar os ajuntamentos.
O Ministério das Finanças divulgou os dados dos atendimentos: em julho, 134 841. Contas feitas, distribuídos pelas 350 repartições do país, serão, em média, 16 atendimentos por dia. A "lentidão" multiplica as críticas nas redes sociais.
No Centro de Saúde, o cenário repete-se. Todos os dias, há gente à porta, atendida por um segurança de uma empresa privada, e, na delegação de saúde, as juntas médicas estão "paradas há meses", deixando muitos doentes sem as prestações sociais a que teriam direito.