Existem 3132 equipamentos instalados em mais de dois mil espaços em todo o país. Nos últimos dois anos, foram dados choques a 54 pessoas e há quase 26 mil habilitadas a fazê-lo.
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Existem 2417 espaços de acesso público equipados com desfibrilhadores automáticos externos (DAE) em todo o país. Os equipamentos que podem reverter uma paragem cardíaca já permitiram reanimar com sucesso 16 pessoas nos últimos dois anos. O último caso foi o de um jovem que, após uma paragem respiratória numa piscina, em Albufeira, foi reanimado por um aparelho instalado na rua.
De acordo com o INEM, entidade responsável pelo licenciamento dos aparelhos, entre janeiro de 2019 e o final de maio deste ano, foram administrados choques a 54 pessoas, sendo que 16 foram "transportadas do local até ao hospital com sinais de circulação".
No total, espalhados pelo país, existem mais de 3000 DAE. Além dos locais de acesso público, os desfibrilhadores estão ainda instalados em aeronaves, embarcações, viaturas e ambulâncias. Só no ano passado, o INEM licenciou mais 509 desfibrilhadores para utilização em espaços públicos e certificou 3337 novos operacionais. Este ano, até meados de junho, já tinham sido licenciados mais 451 desfibrilhadores.
Lei em vigor desde 2012
Trata-se de um crescimento constante ao longo dos anos, desde a entrada em vigor da legislação de 2012 que determinou a obrigatoriedade de existirem desfibrilhadores em locais de acesso público.
Até 2010, existiam apenas 19 desfibrilhadores em 13 espaços públicos. Agora, são 3132 equipamentos espalhados por mais de 2874 locais. Também o número de pessoas habilitadas a manusear um desfibrilhador aumentou, passando de 90 operacionais certificados até 2010, para quase 26 mil, em meados de junho deste ano.
Espaços desportivos
Segundo o INEM, nos últimos quatro anos, cerca de 60% dos programas de DAE licenciados correspondem a equipamentos desportivos e empresas particulares (como fábricas e escritórios). Já numa fase inicial, após a publicação da legislação de 2012, os espaços públicos com mais programas licenciados foram as grandes superfícies comerciais e os centros comerciais.
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Para alargar a rede de DAE no país e envolver os municípios, ao que o JN conseguiu apurar, o INEM está a estudar um projeto que prevê a certificação e o reconhecimento dos municípios que contribuam "ativamente para a proliferação da formação de suporte básico de vida e desfibrilhação automática externa", bem como "para a instalação de equipamentos de DAE".
Sem adiantar detalhes, o INEM confirmou apenas tratar-se de um projeto "em análise" para promover a participação das autarquias no "combate à morte súbita". Realçou ainda que atualmente "um número muito significativo de autarquias tem implementado iniciativas neste sentido".
Exemplo disso é o facto de todas as viaturas dos Sapadores Bombeiros de Lisboa estarem equipadas com desfibrilhadores. O mesmo sucede com todas as viaturas da Polícia Municipal em Cascais. Em Ponte de Lima e Sintra, todos os estabelecimentos de ensino têm programas de DAE.
"Todas estas iniciativas, diferentes entre si, têm em comum o facto de melhorarem o acesso do cidadão à desfibrilhação precoce", sublinhou o INEM.
Caso
Aparelho usado no sábado salvou vida de jovem em Albufeira
Um jovem de 21 anos foi salvo, no sábado, com o auxílio de um desfibrilhador instalado na via pública, em Albufeira. Terá sido a primeira vez que o equipamento foi usado com sucesso por um civil na região. O jovem estava numa piscina particular em Santa Eulália, quando sofreu uma paragem respiratória. Foram-lhe aplicadas manobras de reanimação e as pessoas com quem se encontrava recolheram e usaram o desfribilhador, disponível na rua. Por fim, foi acionado o 112. Foi a primeira vez que um DAE foi usado com sucesso por civis na cidade. Os serviços de Saúde acreditam que foi um passo importante para desenvolver a confiança das pessoas quanto ao seu uso.
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Saiba mais
Município DAE
Segundo um documento ao qual o JN teve acesso, o INEM está a desenvolver o projeto "Município DAE Ativo", que prevê certificar e reconhecer municípios que contribuam "ativamente para a proliferação da formação de suporte básico de vida e desfibrilhação automática externa ", bem como para "instalar equipamentos". O INEM sublinhou tratar-se de um "projeto ainda em análise".
60% dos espaços
Caso o projeto avance, prevê-se que a atribuição da classificação de "Município Seguro SBV-DAE" seja feita pelo INEM após candidatura. Entre os requisitos estão a garantia de um "mínimo de 60% dos espaços de acesso ao público da responsabilidade direta do município com programa de DAE.