Em Portugal existem cerca de dez mil naturistas e nove praias oficiais mas também parques de campismo, ioga e corridas.
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Paula Costa e Nuno Frade são "adeptos" do naturismo desde 2005. Foi a paixão pelo nudismo que os levou, em 2015, a criar um negócio: um parque de campismo em Marvão, onde as pessoas andam livres de roupa, de julgamentos e de preconceitos. Em Portugal há nove praias oficiais e cerca de 10 mil naturistas.
Foi em 2005 que o marido de Paula Costa, Nuno Frade, descobriu o naturismo através de um programa de rádio. Na altura, o termo suscitou-lhe interesse e decidiu pesquisar mais sobre o assunto. Curioso, Nuno Frade percebeu que em Portugal existem praias próprias para fazer nudismo.
A praia do Meco, em Sesimbra, foi a escolhida para experimentarem. Depois de uma experiência positiva, o casal começou a procurar mais praias e espaços, como parques de campismo e spas. "Ficámos adeptos do naturismo", confessa Paula Costa, formada em turismo.
Em Portugal existem nove praias oficias de naturismo, o que corresponde a 16 quilómetros de areia. A última praia legalizada, em 2019, foi a do Malhão, situada em Odemira. No entanto, não é só na praia que se faz nudismo. Há parques de campismo, casas de hóspedes e até atividades, como por exemplo ioga e corridas.
Juntos desde 2003, Paula e o marido já perspetivavam abrir um negócio ligado ao turismo e fora de Lisboa. Depois de conhecerem o conceito, não tiveram dúvidas: abrir um parque de campismo naturista era o passo mais acertado.
A Quinta do Maral, situada no Parque Natural de São Mamede, em Marvão, é "um parque de campismo como outro qualquer numa zona rural, onde a única diferença é que anda tudo despido", explica a dona.
Estima-se que em Portugal existam cerca de 10 mil naturistas. Segundo a Associação Alma Naturista, a maioria tem mais de 40 anos e há mais homens do que mulheres. São também muitas as pessoas que vêm de outros países e aproveitam a costa portuguesa e os parques de campismo para fazer naturismo.
O parque, com cerca de 10 hectares, funciona desde 2015 e acolhe pessoas durante todo o ano. Portugueses e estrangeiros, no inverno e no verão. "Apenas permitimos pessoas que pratiquem naturismo, temos que garantir que toda a gente se sente confortável", sublinha Paula Costa. No entanto, explica que as portas estão sempre abertas para as pessoas que queiram experimentar. "Têm que vir de mente aberta, se não se sentirem confortáveis é porque o naturismo não é para eles e o melhor é procurarem outra coisa", conclui.
Todo o tipo de corpos
Apesar de constatar que, ao longo dos anos, o número de clientes tem crescido, Paula não acredita que as mentalidades estejam a mudar, pelo contrário. "Hoje vemos muitos pais, por exemplo, que não querem que as crianças frequentem balneários por causa da nudez", conta.
A naturista assume que gostava que a "nudez deixasse de ser vista como uma arma sexual". Os filhos do casal, com oito e dez anos, encaram a nudez com naturalidade e "não têm vergonha", conta a mãe.
"A nudez social é uma excelente forma de regressar às origens, provocando uma sensação de alegria, de relaxamento e de total liberdade pelo simples facto de estarmos nus", explica a Associação Alma Naturista.
A proprietária da Quinta do Maral conta que nas praias oficiais de naturismo "as pessoas estão mais relaxadas", havendo mais respeito, mais aceitação e menos julgamentos. "Há pessoas com o corpo fit, pessoas mais gordas, pessoas com amputações físicas e não há aquele olhar indiscreto de reprovação ou de engate", sublinha. Paula Costa assume que o naturismo a ajudou a aceitar o corpo, ficando mais confiante e sem complexos.