Maioria é apanhada por agueiros, característicos dos dias em que o mar não tem ondas e a água está tépida e acastanhada.
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Todos os dias, em média, os nadadores-salvadores na Costa da Caparica, Almada, resgatam dez pessoas apanhadas por agueiros, as correntes de retorno fortes que se formam no mar junto ao areal, que levam os banhistas para fora de pé e contra as quais nem sequer o melhor nadador do Mundo consegue lutar. A informação é avançada pelo comandante da Polícia Marítima de Lisboa, mas, de acordo com os nadadores-salvadores, até peca por defeito.
Só na praia do Tarquínio Paraíso, os nadadores-salvadores dizem que fazem esse número de resgates diariamente porque os banhistas ignoram os avisos de perigo colocados no areal com sinaléticas informativas. Esta é das mais procuradas por quem chega à Costa da Caparica de autocarro, já que é a primeira para quem entra no paredão.
Os nadadores-salvadores Lucas Martins e Cauê Flores confessam sentir-se bastante frustrados quando os veraneantes ignoram as placas de aviso de agueiros, colocadas junto aos molhes rochosos, onde os agueiros se formam quando a maré está a vazar.
"Fazemos sempre soar o apito quando os vemos a entrar no agueiro, mas parece que são atraídos para lá, ignoram constantemente os nossos avisos e temos de os resgatar", lamenta Lucas Martins, 28 anos. Os dois socorristas prestam serviço na Costa da Caparica há cinco anos e durante todos os meses, no âmbito do programa municipal Praia Protegida.
Marés vivas preocupam
As marés vivas, que começaram na última semana e deverão prolongar-se até à lua nova do final do mês, fazem com que o mar ganhe força e, consequentemente, os agueiros sejam mais fortes e apresentem ainda maior risco. "No pico da maré cheia, o mar sobe uns dois ou três metros a mais que no período fora das marés vivas, as ondas ganham força e quando começa a vazar, os agueiros ganham muito mais força e tornam-se mais perigosos", alerta Cauê Flores, de 33 anos.
Beatriz Carvalho, nadadora-salvadora na praia do CDS, na frente urbana da Costa da Caparica, considera que a prevenção é o ideal para evitar afogamentos. "Noto que desde os últimos quatro anos que os banhistas sabem ou ouviram falar em agueiros, mas ainda tenho de explicar vezes sem conta os seus perigos", diz a estudante de Medicina.
Quando se é apanhado num agueiro, o banhista deve manter a calma, nadar em paralelo à areia até deixar de sentir a corrente. E só depois voltar ao areal.