Maioria dos afogamentos em zonas sem vigilância. Fim de medidas sanitárias e aumento de turistas são explicação.
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Desde o início da época balnear até ontem, morreram 17 banhistas afogados em praias portuguesas, tendo a maioria (12) falecido em areais sem nadadores-salvadores. Quando falta ainda mais de um mês para o fim do verão, este número já ultrapassa o total de óbitos ocorridos em todo o período estival do ano passado, quando faleceram 14 pessoas. Este balanço não inclui as mortes em barragens, como as ocorridas no passado fim de semana em Montargil.
José Sousa Luís, porta-voz da Autoridade Marítima Nacional (AMN), acredita que o aumento se pode explicar "pelo fim das medidas sanitárias, o aumento do turismo estrangeiro e a procura por zonas não vigiadas, onde a assistência a banhistas em apuros não existe".
A contagem é fornecida pela AMN e diz respeito à costa portuguesa. Já no que toca a mortes em rios e em albufeiras, as contas exatas são mais difíceis de fazer, porque os registos são distribuídos por diversas entidades e nenhuma os centraliza. Sabe-se, todavia, que houve três óbitos em praias fluviais do Douro, entre o Porto e a Régua.
Só nas últimas duas semanas, morreram três banhistas nas praias da costa portuguesa, dois em áreas vigiadas e devido a paragens cardíacas. A 7 de agosto, um jovem de 25 anos perdeu a vida numa praia não vigiada em Torres Vedras. Antes, a 3 de agosto um homem de 77 anos morreu afogado depois de ter entrado em paragem cardiorrespiratória na água, em Quarteira, no Algarve. Já a 30 de julho, um jovem de 21 anos morreu depois de se ter sentido mal no mar, na praia de Santo Amaro de Oeiras. Os nadadores -salvadores foram alertados pela namorada da vítima mas quando chegaram já estava morto.
A Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (Fepons) avançou recentemente com a contabilização de mortes por afogamento, em todo o tipo de contexto, desde o início do ano até final de julho. O número é alarmante: 88 casos, a maior parte em zonas sem assistência a banhistas. De acordo com o Observatório de Afogamento da Fepons, 35 mortes ocorreram em mar (mas nesta contabilidade entram casos que não decorrem da prática balnear) e 31 em rios. De fora ficam as mortes ocorridas em praias fluviais e em barragens.
Mais vítimas no Norte
O Norte é a região com mais mortes registadas pela Autoridade Marítima Nacional - sete. O Centro é a segunda região com mais afogamentos (seis), enquanto no Sul se registaram quatro.
Segundo a AMN, três das cinco mortes por afogamento em praias vigiadas ocorreram por doença súbita. No rol das fatalidades, há cinco em praias não vigiadas, quatro em praias que, à data do acidente, ainda não tinham socorristas e três em praias fluviais não vigiada na região Norte.