A Ordem dos Enfermeiros reporta relatos de três hospitais da região Centro e aconselha "cautela e prudência" na decisão de vacinar todos os enfermeiros ao mesmo tempo. Infarmed realça que incidência de reações adversas à vacina da covid-19 é, até agora, inferior a 1%.
Corpo do artigo
Num comunicado, enviado esta tarde de quinta-feira às redações, a Secção Regional do Centro (SRC) da Ordem dos Enfermeiros refere ter recebido relatos de vários profissionais que, após tomarem a segunda dose da vacina contra a covid-19, "manifestaram efeitos secundários incapacitantes, situação que os obrigou a ficarem em casa, sem poderem trabalhar".
Ao JN, Ricardo Correia de Matos, presidente da SRC da Ordem dos Enfermeiros precisou que a delegação recebeu, durante a manhã e início da tarde desta quinta-feira, cerca de "uma dezena de exposições de colegas" que foram vacinados ontem e que hoje tiveram reações que os impediram de ir trabalhar.
13260633
Os colegas são enfermeiros do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Hospital da Figueira da Foz e do Centro Hospitalar do Oeste, referiu. Em causa estão reações adversas que já estão descritas como possíveis na vacina da Pfizer, nomeadamente dores fortes, febre, cansaço, mialgias intensas e cefaleias.
Segundo Ricardo Correia de Matos, são reações que também acontecem na primeira toma, mas podem tornar-se "mais intensas" na após a segunda dose.
O enfermeiro realça que a preocupação não é com a vacina, mas com a decisão dos hospitais vacinarem todos os profissionais ao mesmo tempo, o que pode agravar ainda mais a escassez de recursos humanos nos serviços. "A vacinação deve ser faseada e diversificada", defende.
13262091
Contactado pelo JN, o Infarmed refere que, "até às 16 horas de hoje, tinham sido administradas cerca de 190 mil doses de vacina em Portugal continental, das quais 168 mil correspondem à primeira dose. "Até agora, a segunda dose foi apenas administrada a profissionais de saúde". Começou no fim de semana passado em dois hospitais de Lisboa e foi, entretanto, alargado a várias unidades.
A Autoridade Nacional do Medicamento esclarece ainda que as notificações recebidas, à data, "revelam uma incidência de efeitos indesejáveis em cerca de < de 1% de todos os cidadãos vacinados".
De resto, informa que as reações adversas descritas no comunicado da Ordem dos Enfermeiros, "estão descritas no Resumo das Características do Medicamento (RCM) e eram, portanto, esperadas".
13262136
Contactado pelo JN, Francisco Ramos, coordenador da "task force" nomeada para coordenar o Plano de Vacinação Covid-19 recebeu a notícia com surpresa. "Não tenho nenhuma informação sobre reações adversas à vacina específicas da segunda dose", afirmou.
O responsável adiantou que as reações adversas à vacina estão a ser monitorizadas pelo Infarmed e pela DGS e que até à data não passam das "habituais febrículas, dor no braço, tonturas ligeiras", mas nada que impeça as pessoas de trabalhar.
Aliás, a informação sobre as reações adversas será tornada pública nos próximos dias para que os portugueses possam ter conhecimento das mesmas e respetiva incidência.