Arderam cerca de 106 500 hectares entre janeiro e agosto. Guarda, Vila Real e Leiria são os distritos mais afetados. Porto com mais ocorrências.
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Entre 1 de janeiro e 31 de agosto deste ano, foram perto de dez mil (9701) os incêndios registados em Portugal. Os distritos da Guarda (24 773 hectares de área ardida), de Vila Real (24 105 hectares) e de Leiria (10 069 hectares) foram os mais afetados, mas, em termos de ocorrências, é o Porto que lidera com 2294 fogos, seguido de Braga (1066). É o quarto pior registo da última década.
Os dados, insertos no último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a que o JN teve acesso ontem, apontam também para o facto de um quarto dos incêndios rurais terem como origem o fogo posto, embora a causa mais frequente sejam as queimas e queimadas.
O documento salienta também que do total de hectares de área ardida 54 328 foram em povoamentos, 42 367 em matos e 9944 em agricultura. O ICNF considera que houve menos 15% de incêndios rurais e mais 36% de área ardida quando se compara com a média anual dos últimos 10 anos, colocando o corrente ano no sexto lugar em termos de números de incêndios e em "quarto no que respeita a área ardida, tendo como referência o ano de 2012.
Se nos casos dos distritos do Porto e de Braga as ocorrências significaram fogos maioritariamente de dimensão reduzida (até um hectare de área ardida) já no da Guarda a área ardida representa 23% do total.
Em termos de concelhos, Guarda, Manteigas, Covilhã, Vila Real e Ourém são os mais afetados, sendo o maior incêndio deste ano aquele que começou a 6 de agosto no concelho da Covilhã, demorou 11 dias a ser dominado e que atingiu a serra da Estrela. Hoje, no final do Conselho de Ministros, serão revelados os valores dos prejuízos causados por este incêndio. O mês de julho é o que teve maior número de fogos (2745) e maior área ardida (49 888 hectares).
Fogo posto
No que respeita a causas, o relatório fala em "incendiarismo" atribuído a pessoas imputáveis como responsável por 25% dos cerca de dez mil fogos. Porém, a principal origem das ocorrências está em queimas e queimadas (45%), sobretudo a queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (21%) e para gestão de pasto para gado (13%). Diz ainda que 8% se deveram a motivos acidentais - como uso de maquinaria e transportes e comunicações -, 6% a reacendimentos e 2% a queda de raios.
O ICNF salienta também que 75% dos incêndios foram investigados e têm o processo de averiguação concluído, com a atribuição de causa a 64%. Ou seja, dos 9 701 fogos registados, a investigação permitiu dar uma causa a 4650 ocorrências, responsáveis por 58% da área total ardida.
Dados
Pequenos
O relatório revela que os incêndios com área ardida inferior a um hectare são os mais frequentes (82%) e até 31 de agosto houve 16 grandes incêndios, com área ardida superior ou igual a mil hectares.
Ponderada
O valor de área ardida real (106 639 hectares) corresponde a 69% da "área ardida ponderada", ou seja é inferior à "expectável" perante a severidade meteorológica verificada (temperaturas elevadas, vento forte, ausência de precipitação e humidade relativa baixa).