Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde reconheceu, esta segunda-feira, que há mais cadeias de transmissão comunitária, como a que levou à instauração de uma cerca sanitária em Ovar.
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"Sim, há indícios de transmissão comunitária noutras localidades", admitiu a diretora-geral de Saúde, durante uma conferência de Imprensa, esta segunda-feira. "Esses indícios são mais acentuados nalguns locais do que noutros e dependem também da capacidade de identificar e triar os casos. Mas é verdade que há outras localidades onde pode haver já transmissão comunitária", disse Graça Freitas.
"Mas tudo indica, repito, tudo indica, que esta transmissão comunitária é muito controlada", disse Graça Freitas. "Se houvesse uma transmissão comunitária mais exuberante, mais importante, teríamos mais casos" positivos, do que os 2060 anunciados esta segunda-feira pela DGS, que contabiliza 23 mortos desde a chegada da pandemia a Portugal.
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Questionada sobre a falta de identificação das cadeias retransmissão, informação exigida pelo centro europeu de controlo de doenças e que deve ser partilhada publicamente para a qual há até uma petição a correr entre médicos portugueses, Graça Freitas recordou que já estiveram expostas no boletim, mas, neste momento, a opção é publicar apenas aquelas de que a DGS tem a certeza.
"Sou a favor de que que haja muita informação, mas temos de ter a noção de que os nossos serviços estão a ver e testar milhares de pessoas, a internar centenas delas, a testar milhares, e estão em vigilância ativa 12 mil cidadãos. Isto é uma carga bastante grande de trabalho", sumarizou Graça Freitas.
Médicos vão começar a dar informações sobre evolução de doentes
Reconhecendo que tem faltado informação mais detalhada, tanto sobre os doentes infetados como em relação às vítimas mortais, a diretora-geral da Saúde anunciou que vai ser lançado "um mapa georreferenciado", no qual aparecerão as localidades das vítimas mortais e dos doentes. "Vão ter a oportunidade de de ver as manchas de distribuição dessas pessoas", disse, aos jornalistas, durante a conferência de imprensa de balanço, esta segunda-feira de manhã, em Lisboa.
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"A questão aqui, é que muitas das pessoas não estão em cidades, algumas estão em localidades muito pequenas. Sei que depois tudo se acaba por saber, mas nós DGS, autoridade nacional de saúde, estamos obrigados a ter regras de segredo estatístico", justificou Graça Freitas.
"O nosso objetivo é ser transparentes, é dar informação, partilhar informação, mas com regras para proteger os cidadãos e para agirmos dentro do quadro legal em vigor", explicou Graça Freitas, anunciando que as autoridades se preparam para ir além da informação estatística que é fornecida atualmente.
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"Teremos em breve os clínicos a prestar informações em relação aos casos e à evolução dos mesmos. É outra linha de informação a abrir", disse a diretora-geral da Saúde. "Estamos a afinar metodologias de recolha de informação simples e fáceis, que nos permitam dar-vos melhor informação", sublinho Graça Freitas.
A informação vai ser refinada, também, para os cientistas. A DGS já trabalha com cientistas, trabalha com o Instituto Ricardo Jorge, em Lisboa, que tem uma linha de cientistas dedicada a esta situação, trabalha com a Faculdade de Lisboa, com o professor Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, e com outros especialistas, referiu.
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"Poderemos alargar esta base de conhecimento a outros, assim a lei nos permita. Apesar de estarmos em estado de emergência, e mesmo sabendo que a informação é importante, temos de ter algumas cautelas no estrito cumprimento da lei", disse Graça Freitas, sublinhando que a regra geral é de transparência.
Doentes são todos iguais, quer cheguem pela SN24 ou do privado
A diretora-geral de Saúde disse, ainda, que " os doentes são todos iguais" e "são todos tratados da mesma forma", independentemente de serem identificados através de testes em entidades privadas ou referenciados através da linha de apoio ao médico ou do SNS24.
"Estamos muito focados numa resposta conjunta às necessidades de todos os cidadãos, independentemente de onde são identificados", acrescentou.