Operadoras reduziram a oferta depois de, em poucos dias, terem registado quebras na procura superiores a 50%. Governo impõe limites nos cortes.
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O novo coronavírus esvaziou os transportes públicos que, em poucos dias e em alguns casos, perderam mais de metade dos passageiros. A CP foi a primeira a fazer ajustes na oferta, após ter registado quebras na procura na ordem dos 60%; a maioria das transportadoras fá-lo a partir de hoje.
No deserto em que as ruas se transformaram, passam a circular menos autocarros ou carruagens de metro com pouco mais uma dúzia de pessoas nas horas, outrora, de ponta, como se viu na semana passada.
A contagem já não é possível atualmente, porque as operadoras, para conter a propagação do vírus, eliminaram a validação de bilhetes. O metro foi o último serviço de transporte a adotar esta medida, pelo que os números são mais evidentes: entre a sexta-feira 13 de março, dois dias depois de a Organização Mundial declarar pandemia de Covid-19, e a segunda-feira 16, no Porto registou-se uma quebra na ordem dos 60% e superior a 40% em Lisboa.
Na capital, em apenas quatro dias, entre 12 e 16, verificou-se um decréscimo acumulado de quase metade da procura, em comparação com o período homólogo do mês anterior. Na Invicta, depois de cerca de 270 mil clientes diários contabilizados em janeiro e fevereiro, passou-se para valores pouco acima dos 50 mil em dias úteis - uma redução na ordem dos 80%.
Nos autocarros, deixou de ser necessário validar o título de transporte desde o início da semana passada. A Sociedade de Transportes Coletivos do Porto sofreu uma redução estimada em 40%, entre os dias 12 e 13. A Carris apenas consegue juntar um número ao cenário: no domingo, dia 15, perdeu um terço dos utilizadores.
Lugares limitados
Para garantir o acesso aos serviços essenciais a quem continua a trabalhar fora de casa, entra hoje em vigor um despacho do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que impõe regras às operadoras nos cortes na oferta: não deverão ser superiores a 40% no transporte rodoviário e fluvial, e a 30% no caso do metro.
As frequências serão reduzidas, mas terão de ser mantidos os horários de arranque e de término da operação em todas as linhas e, além disso, todas as paragens, estações e terminais terão de ser servidos. Tal como já foi anunciado, os veículos terão um número limitado de lugares e o número máximo de passageiros a transportar é de um terço da lotação da viatura, "de forma a garantir a distância de segurança entre os clientes".
Perdas no metro
O Metro do Porto foi o que registou a maior queda na procura (60%): no dia 13 registou mais de 150 mil validações e no dia 16 mais de 60 mil. No Metro de Lisboa, a quebra registada foi de 46%: houve 357 809 validações no dia 13 e 190 973 no dia 16.