O secretário de Estado da Saúde, António Sales, explicou esta segunda-feira que a DGS decidiu divulgar o parecer técnico sobre a Festa do Avante "tendo em conta aquilo que é o interesse público e a tranquilidade social" que os tempos de pandemia exigem.
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Na habitual conferência de imprensa de apresentação dos dados epidemiológicos do país, António Sales ressalvou que as posições da DGS "não têm caráter político", razão pela qual, acrescentou, "não existe discriminação positiva nem negativa" no que diz respeito ao parecer técnico elaborado para a Festa do Avante.
"A Direção-Geral da Saúde é um organismo do Ministério da Saúde cuja função é técnico-normativa e, como tal, a sua competência é a de coordenar a vigilância epidemiológica", sublinhou. "As características específicas do evento fizeram com que fosse um trabalho muito exigente que a DGS entendeu que devia divulgar."
Critério de lotação "foi o mesmo aplicado às praias"
A propósito da lotação máxima indicada para a Festa do Avante - que rondará as 17 mil pessoas - e da venda de álcool - proibida a partir das 20 horas sem ser nos locais de restauração - Graça Freitas explicou que no parecer técnico são consideradas "áreas distintas e com diferentes tipos de utilização".
"Tendo em conta esse critério e a lotação usada para as praias, de uma pessoa por oito metros quadrados, fizemos os cálculos e chegámos a esse número", frisou. "Trata-se de um critério de saúde pública que permite às pessoas manterem a distância física", acrescentou. A regra aplicada ao consumo de álcool "é a que já está em vigor noutros sítios". "Não há nada de novo aí".
Encurtar isolamento de 14 para 10 dias "seria extraordinariamente positivo", mas faltam "evidências"
Questionada sobre a possibilidade de o período de isolamento dos casos positivos de infeção por SARS-CoV-2 vir a ser reduzido, Graça Freitas confirmou que existe "grande expectativa" da comunidade científica mundial que se venha a estabelecer que "o período de contágio é muito pequeno a partir dos dez primeiros dias de início de sintomas". A confirmar-se, "seria extraordinariamente positivo poder diminuir o período de isolamento de 14 para 10 dias", referiu.
No entanto, a diretora-geral da Saúde recordou que é necessária "evidência científica robusta" para que essa alteração possa ser concretizada.
Doentes a recuperar em casa vão poder fazer auto-reporte de sintomas
Durante a conferência de imprensa, Graça Freitas anunciou ainda que a DGS realizou uma revisão normativa que permite, agora, aos pacientes infetados que se encontram bem e a recuperar em casa reportarem à plataforma informática "Trace Covid" (onde é registada, de forma detalhada, a informação sobre os casos) o seu próprio estado de saúde.
De referir que, até ao momento, esse acompanhamento era feito, pelo telefone, pelos médicos e enfermeiros de família. A medida visa "aliviar a pressão sobre os profissionais de saúde".
"É importante esclarecer que as equipas médicas é que decidem se um doente fica em auto-reporte. E há vários critérios utilizados nessa seleção, por exemplo, idade inferior a 60 anos e competências tecnológicas", esclareceu a diretora-geral da Saúde. "A partir desse reporte, a equipa médica verificará o estado de saúde, vendo se é necessário outro tipo de atuação. A alta, obviamente que é dada pelas equipas", acrescentou.
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