O diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde admitiu, esta quinta-feira, que a partilha de equipas que existe nos serviços de urgência no Porto é "um bom exemplo" para as cinco urgências regionais que o Governo pretende criar.
Corpo do artigo
Álvaro Almeida falava à Lusa à margem de um encontro a decorrer no Porto com a participação de especialistas nacionais e internacionais e o recém-nomeado Grupo Consultivo Técnico da Organização Mundial da Saúde sobre inteligência artificial (AI) para a saúde, para discutir oportunidades, desafios e caminhos responsáveis para a IA nos sistemas de saúde.
O diretor executivo do SNS disse que o Porto é "um exemplo no princípio de que se tem de partilhar recursos, porque os recursos são escassos". Contudo, no que se refere "à forma concreta de implementação, isso tem que ser adaptado a cada região, a cada caso concreto".
Álvaro Almeida explicou que "a fonte original é a mesma, que é a falta de recursos, mas depois a forma de gerir o problema tem de ser adaptada a cada região, a cada momento, e não são exatamente, ou não são necessariamente, as mesmas soluções que devem ser aplicadas em todo o lado".
Sobre a criação dos serviços de urgência especializados onde - devido à falta de profissionais - é necessário partilhar equipas num esquema de rotatividade, que tem motivado críticas e protestos, o responsável escusou-se a dar mais esclarecimentos, remetendo para declarações da Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, na terça-feira na Assembleia da República.
"A senhora ministra na terça-feira esteve na Assembleia da República, prestou uma série de informações sobre esse ponto. E desde então não há mais novidades", salientou.
Ana Paula Martins anunciou no parlamento a criação a curto prazo de uma urgência regional de obstetrícia na Península de Setúbal, com o Hospital Garcia de Orta, em Almada, a funcionar em permanência e o Hospital de Setúbal a receber casos referenciados pelo SNS 24 e pelo INEM.
A ministra, que falava na Comissão Parlamentar de Saúde, disse ainda que será aberto em 2026 um concurso para a criação de um Centro Materno Infantil da Península de Setúbal, "que viverá dentro do perímetro do Hospital Garcia de Orta".
Entretanto, as Comissões de Utentes da Saúde do Arco Ribeirinho Sul e a União de Sindicatos de Setúbal convocaram uma manifestação junto ao hospital do Barreiro, em protesto contra o encerramento da maternidade naquela unidade de saúde.
Num comunicado conjunto, os utentes do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete e a União de Sindicatos explicam que sempre afirmaram que o fecho rotativo entre urgências, além de não resolver qualquer problema, seria o caminho para a degradação destes serviços e, depois, para o encerramento definitivo.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) emitiu também um comunicado onde alerta que "concentrar a urgência regional de ginecologia e obstetrícia em Almada priva de cuidados de proximidade as mulheres de toda a Península de Setúbal" e que as grávidas da margem sul "continuam a correr risco de ter partos em ambulâncias e nas estradas".
Os peritos que aconselham o Governo nas áreas da obstetrícia e da pediatria já identificaram os serviços de urgências do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que devem funcionar no modelo de equipas partilhadas, o que poderá levar à criação de cinco urgências regionais a trabalhar em simultâneo e sem constrangimentos nas áreas de Lisboa e Vale do Tejo e Leiria.