As infeções por estreptococo do grupo A em idade pediátrica, que causam amigdalite, faringite ou escarlatina, são frequentes em Portugal. Podendo desencadear, em situações raras, uma doença invasiva (iGAS) que entra na corrente sanguínea, podendo gerar um choque tóxico. Desde setembro, morreram 15 crianças no Reino Unido, a maioria com menos de 10 anos. Ao JN, o pediatra Caldas Afonso deixa uma mensagem de tranquilidade aos pais: "É muito raro [iGAS]. A infeção por estreptococo do grupo A é frequente, banal. Não há razão nenhuma para entrarmos numa situação de pânico".
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Os casos estão a preocupar as autoridades do Reino Unido. Tendo, de acordo com o "The Guardian", o ministro da Educação admitido a possibilidade de administração preventiva de antibióticos em crianças de escolas com casos positivos.
De acordo com a Agência de Saúde e Segurança, "em ocasiões muito raras, a bactéria pode entrar no sistema sanguíneo e causar uma doença chamada iGAS". Apesar de "incomum, tem-se registado um aumento, (...) sobretudo em crianças com menos de 10 anos".
Infeção frequente e leve
Com cerca de 2,3 casos por 100 mil crianças entre os 1-4 anos, contra 0,5 no período pré-pandémico. Até ontem, a imprensa dava conta de 15 mortes devido a iGAS, uma das quais um rapaz de 12 anos.
Para o diretor do Centro Materno Infantil do Norte (CMIN), Caldas Afonso, é fundamental saber se aquelas crianças "tinham alguma situação ou transitória ou doença de base de imunodeficiência". Bem como perceber se houve atraso no diagnóstico.
Porque, frisa o pediatra, o estreptococo do grupo A "é dos agentes mais frequente", provocando infeções "banais e tranquilas". Nomeadamente do ponto de vista de diagnóstico: nas situações dúbias, faz-se uma zaragatoa e, se a infeção for bacteriana, trata-se com antibiótico, explica.
As formas mais graves "são muito raras", sublinha o diretor do CMIN. Naquilo que admite ser "uma bolha, semelhante à da hepatite aguda de origem desconhecida, que não provoca também aquela invasibilidade". Com início, igualmente, no Reino Unido, "mas que apesar de tudo foi muito restrita, com ou dois casos em Portugal".
Fazendo questão de deixar uma mensagem de tranquilidade aos pais: "Não há razão nenhuma para entrarmos numa situação de pânico. De todo", vinca.
Quais os sintomas?
Na última semana de novembro foram reportados 851 casos de febre escarlatina, causada pela bactéria estreptococo do grupo A, no Reino Unido, contra uma média de 186 em anos anteriores. Os principais sintomas são dor de garganta, febre, garganta vermelha e pele vermelha ligeiramente áspera.
As autoridades de saúde do Reino Unido dizem não haver evidência de uma nova estirpe em circulação.