Com o intuito de aumentar a literacia e a capacitação de doentes e cuidadores informais, podem ser criados programas educacionais promotores em saúde na diabetes. A proposta é do Instituto de Saúde Baseada na Evidência (ISBE), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, no estudo "Governação em saúde e diabetes: perspetivas, ferramentas e recursos", em fase de finalização e que será entregue às autoridades de saúde, com várias outras recomendações.
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Permitir ao doente conhecer melhor a doença e a respetiva terapêutica, envolvendo-se mais nos próprios cuidados de saúde e, com isso, garantir melhores resultados é um dos objetivos que a iniciativa, liderada pelo médico António Vaz Carneiro, pretende ver alcançados. Até porque, como sublinha o relatório, "a promoção da literacia em saúde dos doentes e de cuidadores informais pode gerar melhorias no cuidado, retardar ou até mesmo prevenir o aparecimento de complicações", pelo que "a capacitação de ambos com o objetivo de aumentar a literacia específica da diabetes pode significar tanto uma proteção aos doentes quanto um aumento na qualidade dos cuidados prestados".
Para António Vaz Carneiro, médico e presidente do ISBE, o caso concreto da diabetes pode ser aplicado a outras doenças crónicas. De que são exemplo "a asma ou doenças cardíacas, como a insuficiência cardíaca, que é crónica", elenca o investigador.
"A nossa ideia é que esta metodologia possa ser utilizada noutras doenças crónicas prevalentes. Em todas as doenças crónicas, beneficiamos muito se os doentes que as têm conhecem, no máximo detalhe possível, a sua doença. Há estudos que demonstram que as pessoas que conhecem menos a doença têm uma má adaptação à terapêutica e até morrem mais, são mais vezes internadas e recorrem mais às urgências. É sempre bom que tenham informação e que possam compreendê-la", sustenta Vaz Carneiro, realçando que "os resultados são muito melhores se [os pacientes] estiverem envolvidos nas suas doenças".
"A diabetes é uma doença singular, em que o doente sabe reconhecer os sintomas e tratar-se, e, por isso, é um modelo para mostrar que os doentes bem treinados e formados têm tendência para ter muito menos complicações e para viver mais e melhor. Mas esta é uma iniciativa que deve ser o mais local possível, e tem de ser feita nas unidades locais de saúde, nos centros de saúde", refere o presidente do ISBE, lembrando que, no caso da diabetes, "há múltiplos centros de saúde que já têm profissionais dedicados"à doença.