Um ano após a aprovação pelo Governo do Plano 21|23 Escola+, as duas associações de diretores e a Fenprof - Federação Nacional dos Professores defendem o alargamento do plano integrado para a recuperação das aprendizagens, pelo menos, por mais um ano. A pandemia é a principal justificação apontada para a dificuldade em cumprir as metas que as escolas se propuseram alcançar em dois anos letivos.
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"Na globalidade das escolas, não foi um ano perdido, mas ficou aquém das expectativas, tendo em conta a situação pandémica, e o vai e vem constante de professores e alunos, entre escola e casa", afirma Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas. Como tal, propõe que o Ministério da Educação e os diretores se sentem à mesa para analisar se será necessário alargar o plano, pelo menos, por mais um ano. "A maior parte das escolas não cumpriu os objetivos que traçou."
Falta de professores não ajudou
Manuel António Pereira, presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares, confirma que "a pandemia foi um momento negro na história da educação, pois todos os alunos foram penalizados em termos de aprendizagem", pelo que também defende o alargamento do prazo de aplicação do plano. "Ainda há muito trabalho a fazer e muito a recuperar e, genericamente, não houve reforço do crédito horário. Mais uma hora não é suficiente", garante. "Muitas escolas, tiveram falta de professores e dificuldade em substituí-los, o que fez com que não conseguissem recuperar as aprendizagens."
"Se se quer ser justo e ultrapassar os problemas que se agravaram [com a covid-19], este ano letivo tem de ser considerado como ano zero. A haver um plano de dois anos, o primeiro tem de ser o próximo", argumenta Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof. Além disso, garante que "o crédito horário foi muito reduzido ou inexistente", pelo que os professores ficaram ainda mais sobrecarregados. "Houve aqui ou acolá o reforço de um psicólogo, de um elemento para uma equipa multidisciplinar, e de um ou outro docente, mas foi mais a propaganda do que a efetivação. É preciso que o Ministério dê outras condições às escolas."
Saúde mental
Em contrapartida, Filinto Lima considera que o aumento do crédito horário foi muito importante por ter permitido reforçar as escolas com mais técnicos especializados, sobretudo psicólogos, mas também assistentes sociais. "Há uma preocupação com a saúde, sobretudo dos mais jovens", assegura. Destaca ainda a importância do Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar.
Apesar de a pandemia ter tornado mais evidente a falta de professores, Manuel António Pereira também reconhece que "houve outras coisas que se ganharam", como o apetrechamento das escolas com computadores, que permitiram usar as novas tecnologias. Refere ainda como aspeto positivo a aproximação das famílias. "Os pais passaram a entender melhor o trabalho das escolas e dos professores. Há mais compreensão, aceitação e mais respeito pela escola, afirmou.
Até ao fecho da edição, não foi possível obter uma reação do Ministério da Educação sobre este pedido de alargamento para pelo menos mais um ano.