Ainda que algumas das médias mais elevadas sejam nesta área, continua a faltar procura nas escolas com menor reconhecimento.
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Num total de 40 cursos com zero alunos colocados na primeira fase do concurso de acesso ao Ensino Superior, 26 são de Engenharia: a Alimentar só preencheu 16% das vagas, a Eletromecânica 37%, a Agronómica ou Agroalimentar 42%, a Civil 49% e a Ambiental 54%. Além de ser a instituição com mais vagas por preencher (453), o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) é também onde mais vagas de Engenharia sobraram para a segunda fase (265).
"É perfeitamente normal", adiantou o presidente do IPB. "Temos de abrir muitas vagas para podermos receber mais alunos estrangeiros. Mas também preenchemos mais vagas, no total, face ao concurso do ano passado", analisou Orlando Rodrigues.
O Bastonário da Ordem dos Engenheiros assegurou, ao JN, que as engenharias não deixaram de ser atrativas: as áreas de interesse é que mudaram, tanto que alguns dos cursos com médias mais elevadas são de Engenharia.
"Mesmo entre os cursos menos procurados, há instituições que já preencheram todas as vagas", apontou Carlos Mineiro Aires, referindo-se a "escolas de referência", como o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e o Instituto Superior de Engenharia do Porto.
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Das 1180 vagas em cursos sem candidatos, 813 são em engenharias. "Há cursos que têm dois problemas: a saída profissional e os salários praticados em Portugal", explicou Mineiro Aires. "Daí o interesse nas engenharias ligadas às tecnologias, porque já se percebeu que são o futuro e que têm emprego assegurado, ou as biomédicas, que não têm garantia de ficarem a trabalhar na área, mas têm emprego garantido nem que seja em consultoras internacionais onde são bem pagos", acrescentou.
Até a Engenharia Civil, que perdeu nos últimos anos o prestígio de antigamente, parece estar a recuperar. "Ou nunca o perdeu, depende das escolas", notou o bastonário, referindo-se a todas as vagas preenchidas no Instituto Superior Técnico, por exemplo.
"Vamos ter uma década de investimentos muito grande que vai estar focada nos engenheiros civis, conhecidos por serem "multi-task", mas não só. Temos de reindustrializar o país e recuperar a economia e quem vai fazer isso são os engenheiros. Por isso, as 12400 vagas deste ano não são de mais para as necessidades", avaliou Carlos Mineiro Aires.
Números
136 cursos
com dez ou menos colocados na primeira fase do concurso de acesso em 2021. Mais 12 do que em 2020 e menos 30 do que e, 2019. Este ano, 40 cursos não tiveram candidatos (foram 32 e 2020).