Aos 74 anos, Maria de Jesus Teixeira recorda que já há meio século, Vila Nova de Gaia era uma cidade "cheia" de vida, com os elétricos e os tróleis sempre a entrarem e saírem da cidade". Para o jovem Sérgio Martins o metro veio revolucionar a mobilidade e, também, por isso, destaca que, atualmente, Gaia "não deve nada ao Porto".
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Foi o Porto que a viu nascer, crescer e tornar-se mulher. Mas Maria de Jesus Teixeira caiu de amores pelo homem da sua vida, residente em Vila Nova de Gaia, e por ali ficou a morar. Até hoje, já lá vão 57 anos.
Era uma Gaia muito diferente, longe do bulício dos dias que atualmente a marcam. "Havia menos pessoas, muito menos. Mas o trânsito já era uma confusão, sobretudo na Avenida da República, sempre cheia de carros e autocarros, Nesse aspeto, nada mudou", recorda.
A mesma Avenida da República onde hoje impera o metro, que a sobe vindo da Ponte D. Luiz e segue sempre em linha reta até Santo Ovídio. "Veio mudar tudo, foi a maior revolução em Gaia desde que me lembro", diz.
Com menos 47 anos, Sérgio Martins faz parte de uma geração que tomou Vila Nova de Gaia como casa desde que se lembra. Nunca habitou noutras paragens, a não ser em Londres, onde trabalhou durante quatro anos até regressar a... Gaia.
É uma cidade que não deve nada ao Porto, pelo contrário. Para além de que em termos de habitação é bem mais barata
"É uma cidade que não deve nada ao Porto, pelo contrário. Para além de que em termos de habitação é bem mais barata, daí as pessoas a escolherem para viver", considera.
Também Sérgio encontra em Gaia "características de acolhimento" que fazem da cidade "única!. Além de uma rede de transportes "em que nada falha", longe das angústias de um passado assim não tão distante.
"A diferença é significativa, quase nem se pode comparar. O metro foi o grande responsável pela alteração desse cenário", aponta.
Reformada depois de três décadas a trabalhar numa fábrica de tecidos, Maria de Jesus lembra-se quando os transportes eram outros. "Havia tróleis, elétricos, sempre a entrar e a sair da cidade", desfia. Memórias de tempos que já lá vão, "quando Gaia tinha menos moradores, mas já era uma cidade com muita atividade, como agora".
É complicado alterar a situação do trânsito, porque as alternativas são poucas, não vejo como possa ser melhorado
Para o jovem Sérgio Gaia destaca-se ainda pelas opções de emprego, que, salienta,, também não devem nada ao vizinho da outra margem do Douro. "Há muito trabalho aqui, oportunidades não faltam", entende.
Empregado de mesa de profissão, Sérgio aponta a falta de casas de banho públicas como um ponto negativo. "É uma falha que devia ser tida em conta porque Gaia é uma cidade procurada por turistas, que agora estão a regressar em força", observa.
De menos positivo, Maria de Jesus destaca o trânsito, que, diz, "sempre foi o maior problema". "Mas é complicado a situação alterar-se porque as alternativas são poucas, não vejo como possa ser melhorado", conclui.