É preciso continuar a habilitar as comissões para resolver questão dos abusos, diz Manuel Clemente
O cardeal-patriarca de Lisboa defende ser necessário "continuar a habilitar as comissões diocesanas [de proteção de menores] e a comissão nacional para responderem melhor aos abusos sexuais" praticados por membros do clero. D. Manuel Clemente marcou presença, esta noite de quarta-feira, na vigília pelas vítimas em Lisboa, adiantando que prevenção é a palavra-chave para evitar estes casos.
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Questionado sobre a assembleia plenária da Conferência Episcopal - que irá decorrer no dia 3 de março -, D. Manuel Clemente afirmou esperar que se dê continuidade ao trabalho já iniciado para responder a "esta problemática", garantindo que a coordenação nacional continua disponível "para acompanhar o que tem de ser acompanhado" e, "sobretudo, prevenir". O cardeal-patriarca lisboeta falava aos jornalistas depois de ter participado na oração que, durante uma hora, juntou largas centenas em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
O silêncio que marcou a iniciativa "foi muito preenchido pela solidariedade e comunhão para com os que muitos sofreram o que nunca deveriam ter sofrido", sublinhou.
Já sobre o silêncio que permaneceu ao longo de mais de quadro décadas dentro da Igreja e que foi agora quebrado com a divulgação do relatório da Comissão Independente sobre os abusos na Igreja, D. Manuel Clemente relembrou que, a "pouco e pouco", a sensibilidade social foi mudando e que tanto o Papa Bento XVI como o Papa Francisco tiveram um papel importante nessa transformação, alertando "constantemente, quer a Igreja quer a sociedade em geral, para este problema".
Quanto a uma "série de medidas" que afirma estarem a ser tomadas, D. Manuel Clemente diz não saber se foram tardias, comparando com o resto do Mundo. "Olhando as coisas à volta e estando atento ao problema, elas datam sobretudo daquela reunião que o Papa Francisco fez com os representantes dos episcopados mundiais em 2019. As coisas aí ficaram claras no sentido do que é preciso fazer", advertiu.
Antes da vigília, D. Manuel Clemente reiterou o pedido de perdão da Igreja Católica portuguesa na homilia de celebração da Quarta-feira de Cinzas que decorreu na Sé de Lisboa. Defendeu ainda que a Igreja tem que continuar "ativa e atenta" no combate aos abusos sexuais.
Foram várias as cidades de norte a sul do país onde decorreram, em simultâneo, vigílias pelas vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica, na sequência da divulgação do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja.