Só em três dias já morreram sete pessoas, dos quais quatro são bombeiros, nos incêndios que lavram no Norte e Centro. É preciso recuar ao ano de 2020 para termos um registo tão negro de mortalidade por fogos em Portugal. Desde o ano 2000, as chamas já mataram, pelo menos, 262 pessoas entre civis e operacionais.
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Depois de Portugal ter conseguido fechar o ano de 2023 com a boa notícia, inédita nos últimos sete anos, de zero mortes em incêndios rurais e em queimadas, bastaram três dias para pôr fim a esse recorde e o país voltar a chorar vidas tiradas pelas chamas. Entre domingo e terça-feira, os fogos já mataram sete pessoas, incluindo quatro bombeiros.
As últimas três vítimas são um homem e duas mulheres dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Oliveirinha, que combatiam um incêndio num povoamento florestal em Vila Mato, na freguesia de Midões, no concelho de Tábua. O presidente da República, o primeiro-ministro e a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil já manifestaram profunda consternação pela morte de Sónia Cláudia Melo, de Susana Cristina Carvalho e de Paulo Jorge Santos. Estes bombeiros não conseguiram fugir às chamas, depois do carro em que seguiam ter avariado.
Na madrugada desta terça-feira, faleceu uma idosa em Mangualde em circunstâncias ainda desconhecidas. No dia anterior, um trabalhador brasileiro de 28 anos de uma empresa de exploração florestal morreu carbonizado quando tentava recuperar máquinas na zona florestal do Sobreiro, em Albergaria-a-Velha. No mesmo concelho, um civil faleceu de ataque cardíaco ao ver as chamas agigantarem-se naquele concelho. No domingo à noite, João Silva, dos Bombeiros Voluntários de São Mamede de Infesta, em Matosinhos, foi vítima de doença súbita na pausa para a refeição durante o combate a um incêndio em Oliveira de Azeméis.
Em 2022, não houve vítimas diretas de incêndios rurais e florestais, tendo morrido duas pessoas na sequência de queimadas. Em 2021, o registo negro foi de seis óbitos: quatro civis e dois operacionais. Em 2020, os incêndios e as queimadas roubaram nove vidas, incluindo de seis operacionais. No ano anterior, registaram-se nove vítimas e, em 2018, foram 13.
O ano mais negro para Portugal foi o de 2017, com destaque para o incêndio em Pedrógão Grande, com as chamas a reclamarem 119 vítimas: 116 civis e três operacionais.