Elogios de Ramalho Eanes a Sampaio da Nóvoa e comentários à polémica sobre a data de reposição das 35 horas semanais de trabalho marcaram o terceiro dia de campanha para as eleições presidenciais.
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Na quarta-feira, debatem-se no parlamento projetos de lei para repor o horário das 35 horas na administração pública, com o PS a prever a reposição (passaram a 40 horas em 2013) em julho e os outros partidos de esquerda a quererem mais cedo. Sindicatos da Função Pública admitem fazer greve se avançar a vontade do Governo socialista.
Esta terça-feira, alguns candidatos comentaram a questão. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou-se convencido de que haverá acordo porque se trata apenas de uma "divergência de aplicação no tempo", enquanto Edgar Silva considerou "urgente" a aplicação das 35 horas.
Em Campo Maior, o candidato Sampaio da Nóvoa considerou que ninguém esperava que o cumprimento de novos acordos com os sindicatos fosse fácil e disse que é preciso acompanhar a matéria com cuidado e convicção, por ser matéria essencial para a estabilidade do Governo e futuro dos portugueses.
E em Leiria a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, Marisa Matias, disse que a reposição das 35 horas semanais é um caminho que deve ser feito no setor público e privado, considerando "um sinal de modernidade" o Estado "começar a dar o exemplo".
Do terceiro dia de campanha ficam também as declarações do antigo presidente da República Ramalho Eanes, apoiante da candidatura de Sampaio da Nóvoa. Disse que o antigo reitor "já é um general", numa resposta a palavras de Marcelo Rebelo de Sousa (que disse sobre Sampaio que não tinha experiência para passar de soldado raso a general).
Em Castelo Branco, o antigo presidente da República ainda estabeleceu "algumas semelhanças" entre o candidato e Cavaco Silva. "Cavaco Silva é homem capaz, competente, interessado, honesto", ilustrou, acrescentando que também reconhece essas qualidades em Sampaio da Nóvoa. O candidato garantiu que o seu mandato será "muito diferente" dos de Cavaco.
Numa visita a uma empresa da Covilhã o candidato reiterou a ideia, na qual tem insistido, de que tem cada vez mais apoiantes.
Depois de dois dias dedicados a causas sociais foi também em empresas que esteve Maria de Belém, quando defendeu um novo modelo de viagens oficiais do chefe de Estado, que poderá passar pelos acompanhantes terem de pagar as suas despesas.
A candidata voltou a dizer que Marcelo Rebelo de Sousa é o seu principal adversário e salientou que não vai comentar declarações dos outros candidatos.
Ainda assim o comentário de declarações é uma constante na campanha. Por exemplo, Marcelo Rebelo de Sousa disse estar convencido que "as pessoas já têm na cabeça o voto" e não o vão mudar até ao dia 24. Edgar Silva, o candidato apoiado pelo PCP, diria pouco depois: quem pensar que as eleições já estão decididas está "redondamente enganado".
Edgar Silva esteve no bairro da Cova da Moura, na mesma zona que a candidata Marisa Matias, que defendeu a aplicação de legislação avançada que garanta igualdade dos surdos.
Marcelo Rebelo de Sousa começou o dia nas ruas de Portalegre, Vitorino Silva em Braga e Henrique Neto em Aveiro, onde disse que o "país está a trabalhar para Lisboa".
Em Lisboa esteve Paulo de Morais, que classificou os presidentes da República do pós-25 de Abril como "corta-fitas", e de Évora chegou a sentença de Cândido Ferreira: Sampaio da Nóvoa não está habilitado para ser o Comandante Supremo das Forças Armadas, porque fez "várias afirmações que demonstram um desprezo total pela pátria portuguesa".
O Partido Popular Monárquico (PPM) considerou esta terça-feira que a campanha para as eleições presidenciais de 24 de janeiro constitui "um excelente momento de promoção" da monarquia, devido à falta de condições dos candidatos.