O secretário-geral do PCP lançou este domingo o aviso que dá o tom à campanha presidencial comunista: "Não há vitórias antecipadas, nem as sondagens valem mais que os votos dos portugueses".
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Jerónimo de Sousa, que marcou presença no arranque da maratona eleitoral, no Porto, identificou o adversário - "o falso independente Marcelo Rebelo de Sousa" - e o antigo deputado regional madeirense, escolhido pelo partido para correr a Belém a 24 de janeiro, só teve de lhe seguir as pisadas. E seguiu.
"Já se sabia que Passos, Portas e Cavaco juntarão o seu voto no caldeirão de Marcelo. Agora ficámos a saber que Durão Barroso - aquele mesmo Barroso que abraçando Bush agrediu o Iraque, esse mesmo Barroso que na Comissão Europeia se uniu a Merkel para esmagar os interesses nacionais - vê em Marcelo o modelo perfeito de presidente", afirmou Edgar Silva. E de cada vez que nomeava os políticos da Direita, no Pavilhão Rosa Mota - tem capacidade para 4200 pessoas, estava cheio mas não esgotado -, ecoava um estridente assobio.
"É possível e necessário derrotar o candidato do PSD e CDS nestas eleições. Marcelo será derrotado porque é necessário repor em Belém quem cumpra e faça cumprir a Constituição, quem não abra espaço a que a política agora derrotada de PSD e CDS recupere o espaço perdido em 4 de outubro", continuou, para depois fazer o que Jerónimo pediu: "desmaquilhar" o antigo comentador da TVI.
"Marcelo bem pode disfarçar os seus apoios, proclamar a sua independência, afirmar incómodo com o PSD e Passos Coelho, esses mesmos PSD e Passos que ainda há poucos meses apoiou abertamente nas legislativas", mas "a profunda rutura e viragem em relação às orientações políticas que tanta desordem e tanta regressão impuseram ao nosso país, ao longo dos últimos 38 anos, particularmente nos últimos quatro", é a comunista.
As baterias do PCP estão assim todas apontadas contra Marcelo, que, para os comunistas, se confunde com o governo PSD/CDS-PP, e tudo se joga na passagem à segunda volta. "Dizem-nos alguns bem intencionados que Marcelo fez críticas ao PSD e ao Governo. Mas Marcelo deu a resposta, dizendo: "Mesmo quando não parece, estou sempre a defender o PSD"", enfatizou Jerónimo, criticando "a bem urdida campanha mediática em curso a favor do candidato apoiado pelos partidos derrotados nas legislativas e pelos grandes grupos económicos e financeiros".
Edgar Silva garante que a sua candidatura é contra "um país empobrecido, injusto, atrasado e dependente" e fez ainda a apologia de uma presidência diferente, "que coloque à frente dos interesses dos mercados, das agências de rating ou do euro, os interesses do país".