Eduardo Vítor Rodrigues: "Quero tanto a regionalização que não apoio referendo para já"
O presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, diz que, se os regionalistas se atirarem "de cabeça" para um novo referendo, serão derrotados. Para reconquistar os portugueses propõe um pacote de reformas a nível nacional.
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"Vivo na angústia de querer tanto a regionalização que não quero que façam já o referendo", afirmou o autarca de Gaia, esta quarta-feira, em Setúbal, na conferência "Que Regionalização Queremos?", promovida pelo JN.
"Se eu mandasse, a primeira coisa que fazia era recusar a regionalização", referiu Eduardo Vítor Rodrigues, explicando: ou os regionalistas são "aventureiros" e se atiram "de cabeça" para uma "segunda derrota", ou tentam "recuperar a confiança" dos portugueses para a causa.
Essa estratégia, revelou, passa por fazer acompanhar a regionalização de um pacote de medidas de cariz nacional. Entre elas, enumerou a limitação dos mandatos dos deputados, a revisão do estatuto dos eleitos locais e do número de mandatos dos presidentes de câmara ou, ainda, a criação de um mandato único de sete anos para o cargo de Presidente da República.
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Uma outra medida proposta por Eduardo Vítor Rodrigues é a "coragem" de discutir a devolução dos 5% dos ordenados dos políticos, o único corte do género imposto pela Troika e que ainda está em vigor. "Faz-me falta? Por acaso faz. Mas faz-me mais falta a minha cara", defendeu.
Regionalização à vista? Só depois de Marcelo sair
O autarca referiu que a descentralização não vai ajudar à regionalização, mas aceita "medidas intermédias" - como as eleições indiretas para as CCDR - até que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa "acabe os seus mandatos".
No entanto, disse estar convicto de que o referendo chumbaria independentemente de Marcelo ou de António Costa. "Num pós-Troika, em que estávamos a começar a respirar, as pessoas não estão preparadas", afirmou.
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Eduardo Vítor Rodrigues disse "acreditar piamente" que o primeiro-ministro deseje a regionalização, desde que haja "a certeza" de que o referendo passa.
No entanto, defendeu que os partidos adotam uma posição paradoxal perante o tema: "querem a regionalização, mas não querem a regionalização", resumiu.