Mais de metade dos jovens diz ter uma vida sexual ativa e pede conselhos aos amigos, mães e parceiros.
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A maioria dos adolescentes e jovens adultos (51%) entre os 14 e os 24 anos diz ter uma vida sexual ativa, sendo que a primeira relação sexual ocorreu em média aos 16,7 anos. Os resultados de um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) apontam que a educação e a literacia sexual deviam ser acessíveis antes dos 14 anos, para que seja possível informar os mais novos antes da primeira experiência sexual com um parceiro ou parceira. Cerca de 22% tiveram a primeira relação sexual antes dos 16.
Uma grande parte dos inquiridos revela que a família, nomeadamente as mães (28%), os amigos (31%) e os parceiros (20%) são as principais pessoas a quem recorrem para tirar dúvidas sobre sexualidade. A realidade mostra que os jovens "não aparecem nas consultas" e os serviços de saúde não têm "um impacto direto" sobre a informação transmitida, explica o professor da FMUP, Paulo Santos. Os progenitores, enquanto principal fonte de informação, devem ser intermediários entre os adolescentes e os profissionais de saúde. "Temos de educar os pais para chegar aos jovens".
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O estudo divulgado esta quarta-feira aponta ainda que são os rapazes que afirmam ser sexualmente mais ativos, em comparação com o sexo feminino. Em média, os jovens tiveram a primeira relação sexual aos 16,2 anos contra os 16,7 anos registados nas raparigas. São eles que têm também em média mais parceiros sexuais num ano (2,4), face aos 2,0 nas adolescentes e jovens adultas. Os dados foram recolhidos em 2014, porém os investigadores dizem não haver "evidência de que o período pós-covid-19 tenha alterado os resultados".
Sabem bastante sobre VIH
A maioria aponta ter um conhecimento "adequado" sobre infeções e doenças sexualmente transmissíveis, sendo que a informação sobre o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), o Vírus do Papiloma Humano (HPV) e os herpes genitais é a mais clara para os jovens. Os resultados revelam, contudo, que o conhecimento é menor face à clamídia, à tricomoníase e à gonorreia.
De acordo com os investigadores, a "grande exposição pública" do VIH, que causa a sida, como um problema de saúde pública e a disponibilização de informação sobre a prevenção da infeção podem ajudar a explicar o maior conhecimento dos jovens.
Já o HPV tornou-se "relevante" entre os mais novos por causa do programa nacional de vacinação, que abrange ambos os sexos, e da associação ao cancro do colo do útero. "Os jovens têm de perceber que existem comportamentos de risco para todas as infeções", clarifica Paulo Santos, um dos investigadores.
Amostra
746 jovens de Paredes foram entrevistados num sistema porta a porta. Os investigadores apontam que é o primeiro estudo a ser feito fora das escolas.