Eleição do novo presidente da Assembleia da República adiada mas há solução à vista
Apesar de ainda não existir fumo branco quanto à eleição do líder da Assembleia da República, PSD e PS tentam garantir uma presidência rotativa entre si. Após três tentativas falhadas na terça-feira, tinha ficado definido que a quarta ronda ocorreria hoje, às 12 horas. O prazo foi, entretanto, adiado até às 15 horas.
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Os líderes de PSD e PS, Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, estiveram reunidos esta manhã, para tentarem desbloquear o impasse. O presidente em exercício da AR, o comunista António Filipe, revelou que o pedido de adiamento até às 15 horas partiu dos socialistas, sendo que os sociais-democratas se associaram a ele.
"Serão admitidas candidaturas até às 14 horas e o plenário será marcado para as 15 horas", anunciou António Filipe aos jornalistas, esclarecendo que a votação será repetida "ad eternum" até que algum candidato alcance, pelo menos, 116 votos (maioria absoluta).
O comunista disse acreditar que esta possa vir a ser, finalmente, a eleição bem-sucedida. Contudo, questionado sobre se admite mais adiamentos, respondeu: "Que remédio".
O Chega já indicou que apresentará o deputado Rui Paulo Sousa a votos. À RTP, o líder parlamentar do partido, Pedro Pinto, afirmou que o PSD irá "sofrer as consequências" de não ter escolhido o Chega para dialogar.
Inicialmente, o prazo limite de entrega de candidaturas nesta quarta-feira tinha ficado marcado para as 11 horas, com a eleição às 12 horas. Primeiro, a hora de apresentação de candidatos foi adiada 30 minutos; depois, acabou por ser atirada para as 14 horas, com a votação reagendada para as 15 horas.
Os dois maiores partidos também alteraram a hora da reunião das respetivas bancadas. O PS suspendeu mesmo o seu encontro; quanto ao PSD, adiou a hora das 10.30 para as 13.30 horas - ou seja, meia hora antes do prazo limite para entrega de candidaturas.
Segundo uma informação avançada pelo "Expresso" e confirmada pelo JN, PSD e PS estão a trabalhar no sentido de encontrar uma solução que passe por uma presidência rotativa da AR entre si, à semelhança do que ocorre no Parlamento Europeu.
Se este cenário avançar, sociais-democratas e socialistas partilharão a liderança do Parlamento, cada um numa altura diferente. Ao que o JN apurou, os escolhidos para desempenhar a função de segunda figura do Estado serão os mesmos que ontem PSD e PS submeteram a votos: José Pedro Aguiar-Branco, pelos sociais-democratas, e Francisco Assis, pelos socialistas.
Impasse de terça-feira
Recorde-se que, na terça-feira, um recuo do partido de André Ventura levou ao atual impasse. Isto porque haveria um acordo entre PSD e Chega (com vista à eleição do social-democrata José Aguiar-Branco para presidente e de Diogo Pacheco de Amorim, do Chega, para uma das vice-presidências), que Ventura considerou ter sido, depois, negado por Nuno Melo, dirigente da AD.
Após três votações e longas horas de impasse, nenhum dos três candidatos a presidente da Assembleia da República alcançou, na terça-feira, os 116 votos necessários para haver vencedor. Na primeira eleição, realizada ainda de tarde, José Aguiar-Branco, do PSD (então candidato único) ficou-se pelos 89 votos a favor (o Chega recuou no acordo que tinha feito para o eleger).
À segunda, ocorrida pelas 21 horas, Francisco Assis, entretanto apresentado pelo PS, teve 90 votos, contra 88 de Aguiar-Branco e 49 de Manuela Tender (Chega). Por último, já pelas 23 horas, Assis voltou a ter 90 votos e Aguiar-Branco 88 (53 brancos). Uma vez mais, não houve a maioria absoluta exigida.