Elina Fraga nunca escondeu que militou no PSD e que até havia votado em Passos Coelho, em 2011. Mas, assim que chegou à liderança da Ordem dos Advogados, como sucessora abençoada pelo ex-bastonário Marinho e Pinto, em 2013, tornou-se uma forte opositora ao Governo PSD/CDS e, acima de tudo, à então ministra da Justiça. A transmontana de Valpaços, conhecida pela sua garra, volta agora a cena como braço-direito de Rui Rio.
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A mulher a quem, este domingo, coube muitos apupos e assobios no encerramento do congresso que entroniza o novo líder do PSD não é alguém que cai de paraquedas na política. Antes de integrar as fileiras social-democratas, pelas quais chegou a ocupar alguns cargos autárquicos, já tinha passado pelo CDS.
Chegou a bastonária da Ordem dos Advogados aos 43 anos, tornando-se a segunda mulher à frente daquela instituição - depois de Maria de Jesus Serra Lopes (1990-1992). Tinha sido vice do então bastonário Marinho e Pinto no mandato anterior, acabando naquelas eleições por vencer cinco opositores que tinham muita mais visibilidade mediática, porque até então o país desconhecia-a.
Com uma filha de 22 anos e divorciada, nessa altura, não só revelou o seu passado social-democrata, como o voto em Passos, nas legislativas em que José Sócrates saiu derrotado. Mas o enamoramento pelo PSD desvaneceu-se logo depois, tendo em conta que no ano seguinte teve de assistir ao encerramento de muitos tribunais, devido ao Mapa Judiciário levado a cabo pela então ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, de quem se tornou uma feroz crítica.
Elina apelidou de "reforma tenebrosa" as mudanças no mapa dos tribunais pelo país e outros recados a Teixeira da Cruz não foram faltando, principalmente em cada passo em falso que a governante ia dando - o "crash" do Citius, o programa usado pelos atores judiciários, no outono de 2014, foi a gota de água. O arrependimento do voto no Governo de Passos e Portas veio, então, com a advogada a admitir que não o repetiria caso soubesse quais seriam as políticas que o Executivo de Direita viria a adotar para o setor da Justiça.
Criou anticorpos no partido, quando, em 2014, apresentou uma queixa-crime contra todos os ministros que aprovaram a revisão do mapa judiciário.
Perdeu as eleições para a reeleição na Ordem dos Advogados, em dezembro de 2016, a uma segunda volta com o atual bastonário, Guilherme Figueiredo.
A advogada, conhecida por impor um ritmo intenso ao trabalho, tem agora as contas do seu mandato como bastonária debaixo de olho do Ministério Público, por suspeitas de má gestão após uma auditoria à gestão da Ordem dos Advogados.