Há mais casos de tuberculose no distrito do Porto, contrariando a tendência nacional de descida, em 2021, segundo um relatório da Direção-Geral de Saúde, apresentado esta quarta-feira.
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O distrito do Porto está a contrariar a tendência nacional de diminuição do número de casos de tuberculose, mantendo-se como a região do país com mais incidência da doença, seguido de Lisboa, segundo um relatório da Direção-Geral de Saúde (DGS), apresentado, esta quarta-feira, na Associação Nacional de Farmácias.
De acordo com o Relatório de Vigilância e Monitorização da Tuberculose em Portugal, "o número de casos de tuberculose notificados por 100 mil habitantes em Portugal diminuiu, em 2021". Trata-se de uma redução "que tem sido consistente: menos 5,1% por ano entre 2017 e 2021".
"Em 2021, foram notificados 1 513 casos de tuberculose em Portugal, correspondendo a uma taxa de notificação de 14,6 casos por 100 mil habitantes", especifica-se no relatório, referindo-se que "o número de novos casos tem vindo a diminuir em Portugal" e que, desses 1 513 casos 112 foram "re-tratamentos".
Porém, não é o que se passa no Norte do país, sobretudo devido ao aumento do número de casos no distrito do Porto. "As regiões do Norte e de Lisboa continuam a ter as incidências mais elevadas (17,3 e 16,5 casos por 100 mil habitantes, respetivamente)", conclui-se no referido relatório, apresentado pela diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, num encontro "Nós e a tuberculose".
A situação no Norte deve-se sobretudo a uma subida de casos no distrito do Porto, "que continua com uma taxa de notificação superior a 20 casos/100 mil habitantes". "O distrito do Porto teve um aumento dos casos notificados (379 em 2021 vs 349 em 2020), correspondendo a uma taxa de notificação de 21,2/100 mil habitantes. Como fatores de risco, predomina o consumo de álcool ou drogas", explica-se no relatório.
"Do total do número de casos adicionais, na região Norte, face a 2020, 66,2% estão concentrados nos concelhos de Penafiel (41 casos em 2021 vs 26 casos em 2020), Marco de Canaveses (26 casos em 2021 vs 13 casos em 2020) e Braga (43 casos em 2021 vs 20 casos em 2020)", especifica-se ainda no relatório.
"Para além do distrito do Porto, os distritos de Lisboa e Setúbal continuam a destacar-se com uma taxa de notificação superior a 20/100 mil habitantes. Analisadas as tendências anuais, assinala-se uma tendência crescente, face aos valores dos anos anteriores, nos distritos de Castelo Branco, Guarda, Viana do Castelo e Portalegre", acrescenta-se.
Segundo o relatório de vigilância da DGS, "os homens continuam a ser mais afetados do que as mulheres (66,4% dos 1.513 casos notificados em 2021), especialmente na idade adulta".
Além disso, "a idade mediana aumentou progressivamente até 2017, altura em que se atingiu os 50 anos. Em 2018, a idade mediana foi 48 anos, em 2019 e 2020 foi 49 anos, voltando a aumentar, em 2021, para os 52 anos".
"A população imigrante manteve-se como a população de maior vulnerabilidade, com uma taxa de notificação 3,8 vezes superior à média nacional (55,8 por 100 mil em 2021), embora se tenha verificado uma redução na proporção de casos em comparação a 2020", aponta-se ainda no relatório, apresentado numa sessão encerrada pela secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares.
Daí que "a identificação dos mais vulneráveis, nomeadamente dos que têm risco acrescido de exposição ou que possam ter dificuldade no acesso aos cuidados de saúde, constitui uma prioridade de intervenção", concluiu-se no relatório, onde se apontam como prioridades, até 2024, "a redução do tempo de diagnóstico, que tem vindo a subir", facilitar o acesso a consultas dos mais vulneráveis e "manter a tendência decrescente da taxa de notificação da tuberculose em Portugal".
"A identificação dos mais vulneráveis, nomeadamente os que têm um aumento acrescido de exposição, ou que possam ter dificuldade no acesso aos cuidados de saúde e ainda os que apresentam risco elevado de desenvolver tuberculose perante exposição, constituem áreas de intervenção com potencial impacto na aceleração da incidência da doença", considera Graça Freitas, numa nota introdutória do relatório.