A imposição da apresentação de um teste negativo à covid-19 e de uma quarentena de dez dias na chegada à Suíça apanhou de surpresa a maioria dos emigrantes portugueses que circulavam ao início da tarde no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Foram muitos os que se apressaram a realizar o rastreio para poder viajar durante o período da tarde. A restrição é aplicada aos vários países onde foram registados casos de infeção associados à nova variante, a ómicron.
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Durante a tarde desta terça-feira, os balcões de check-in para um dos dois voos em direção a Zurique, na Suíça, apresentavam filas calmas e controladas. Porém, o burburinho no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, junto a passageiros portugueses, denunciava o nervosismo das notícias de "última hora". "Andei toda a manhã a correr para fazer um teste. Mas o pior vai ser quando chegar à Suíça, ter de fazer dez dias de quarentena", diz José Hortelão, de 52 anos, emigrado desde criança.
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O país impôs, a partir desta terça-feira, a apresentação de um resultado negativo à covid (teste antigénio ou PCR), a realização de uma quarentena de dez dias e o preenchimento de um questionário aos passageiros oriundos de Portugal. A decisão foi conhecida na segunda-feira à noite, dando pouca margem de manobra à maioria dos emigrantes para realizar todo o processo. A restrição deve-se ao surgimento de 13 casos de infeção em Portugal, associados à nova variante.
Havia quem desconhecesse a informação, após ser confrontado pela nova medida através do JN, e outros não conseguiam preencher as informações do questionário por estar escrito em inglês. "Fiquei muito surpreendido porque vim passar cá uma semana. (...) Agora informaram-me que tenho de chegar lá e fazer a quarentena", afirma Augusto Almeida Sá, de 60 anos, que foi encaminhado pela companhia aérea para o laboratório de testagem instalado no aeroporto.
Independentemente do estado vacinal, todos os passageiros vindos de Portugal têm de cumprir as medidas impostas pelas autoridades suíças. "De um momento para o outro, vejo no Facebook que temos de fazer dez dias de quarentena e de fazer o teste rápido [antigénio] ou PCR, mesmo para os vacinados. Deixa-nos muito zangados, porque é um stress muito grande", aponta Andreia Ferreira, acompanhada pela filha de 16 anos. A emigrante de 40 anos está de férias na próxima semana, mas na seguinte terá de ser substituída por uma colega, uma vez que trabalha num lar de idosos.
Também Sandra Almeida, trabalhadora na área da hotelaria, receia o impacto no orçamento mensal. "O problema é que é uma quarentena sem rendimento. Isso dificulta um bocadinho as coisas", refere. Os patrões, explica a jovem de 30 anos, esperavam que começasse a trabalhar já esta quarta-feira.
O Governo suíço impôs restrições também ao Canadá, Japão e Nigéria, onde, segundo o Executivo circulam "variantes de preocupação". A entrada de passageiros oriundos destes destinos terá de ser comunicada de imediato às autoridades do respetivo cantão [divisão territorial]. Os testes à covid-19 terão de ser repetidos entre o 4.º e o 7.º dias em território suíço.
Nas redes sociais, a contestação já levou à criação de uma petição para a retirada de Portugal da lista de risco da Suíça. "Não sei onde é que isto vai parar. Deve haver muitos emigrantes que têm voos marcados para cá e para lá e vão ter de anular", conclui Augusto Almeida Sá.