O programa Regressar surgiu em boa altura na vida de três funcionárias do More CoLAB Montanhas de Investigação, localizado em Bragança.
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Se não foi a razão principal para Ana Luísa Machado, Sofia Nunes e Tânia Marques, ex-emigrantes em França, em Angola e em Espanha, decidirem fazer as malas e voltar para Portugal, foi uma ajuda "simpática", admitem as três trabalhadoras altamente qualificadas que tinham deixado o país entre 2012 e 2015.
"Eu e o meu marido não conseguimos arranjar trabalho. Em 2012, fomos para França", explicou Ana Luísa Machado, de 36 anos e técnica de investigação no More CoLAB, que é natural de Argozelo, em Vimioso.
A mais velha dos três filhos nasceu em França onde a família estava bem inserida. "Trabalhava numa empresa de extratos vegetais, no departamento da qualidade. Tinha boas condições. O meu marido também trabalhava", recordou Ana Luísa ao JN. Ainda assim, o apelo da família e de Portugal foi mais forte e, em 2019, o casal fez a viagem de regresso. No entanto, voltar só foi possível por terem encontrado trabalhos compatíveis com as profissões que exerciam em França.
A família candidatou-se ao programa Regressar, embora esse não tenha sido o elemento decisivo para vir. "As boas oportunidades de trabalho acabam por ter um grande peso na decisão de regresso", explicou. França nunca foi um projeto de vida para sempre. A criação de emprego altamente qualificado foi essencial para a família retornar a Portugal. "O trabalho adequado às nossas qualificações é muito importante", frisou.
Foi também em 2019, depois de viver quatro anos em Angola, para onde emigrou exclusivamente por razões profissionais, que Sofia Nunes, de 45 anos e nascida em Soure, cedeu ao coração lusitano. "Voltei essencialmente pela saudade", confessou.
Em Angola, era responsável por um sistema de gestão de segurança alimentar numa indústria de bebidas. "Gostava do que fazia", confidenciou Sofia. De regresso ao território nacional, quando procurava novos caminhos profissionais, apareceu-lhe o de Bragança com o trabalho no More, como técnica de inovação responsável pelo sistema de gestão de qualidade. "Encarei esta vinda como um novo desafio", referiu Sofia Nunes, que também se candidatou ao Regressar. "Além do apoio financeiro, dá direito a 50% nas deduções fiscais durante cinco anos, o que é simpático", explicou.
Largar vida de 13 anos
Tânia Marques, de 38 anos e natural de Alcobaça, é engenheira de ciências agrárias e ambiente. Trabalhava em Mérida (Espanha), onde coordenava um departamento de controle biológico de controle de pragas, quando teve conhecimento de uma vaga em Bragança.
"Eu e meu marido tínhamos um trabalho estável, estava efetiva e tudo alinhado, mas vivíamos longe da família", lembrou Tânia, que acredita que muitos emigrantes regressariam desde que tivessem trabalho. "No nosso caso, era pegar ou largar. Tivemos de mudar uma vida de 13 anos, mas estou satisfeita e não me arrependo".