A greve de zelo por tempo indeterminado convocada pela Federação dos Sindicatos de Enfermeiros vai deixar sem assistência os doentes que se encontrem em macas nos corredores.
Corpo do artigo
José Correia de Azevedo, porta-voz da Federação dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE), explicou ao JN que esta medida, inédita nas anteriores greves de zelo da federação, é tomada para denunciar que, "por motivos financeiros", os hospitais "acomodam os doentes de qualquer maneira". Os enfermeiros esperam que com este protesto o Governo volte à negociação do Acordo Coletivo de Trabalho, que interrompeu no início do ano.
Os doentes "merecem dignidade e respeito", frisou, acrescentando que além de aumentar o número de pacientes por enfermeiro, a prestação de tratamentos em macas não é a adequada. A greve abrange ainda as cirurgias adicionais, o trabalho suplementar programado, a condução de viaturas dos centros de saúde, e o cumprimento de notas de serviço que não sejam de serviços mínimos.
Contactado pelo JN, o presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, apesar de desconhecer os contornos deste pré-aviso de greve, disse não lhe parecer "viável que tal possa estar em cima da mesa". "Apelo à calma porque o SNS e os doentes precisam dos enfermeiros", sustentou Alexandre Lourenço. E acrescentou: "Todos os cidadãos estão obrigados a prestar assistência, mais ainda os profissionais de saúde".
Por seu lado, José Ribeiro, presidente Associação de Diretores de Enfermagem, disse que "as formas de luta que têm sido gradualmente apresentadas têm levado a um extremar de posições" e que espera que "as partes regressem ao diálogo e encontrem um ponto de equilíbrio que permita o encerramento do processo negocial".