Existem projetos bem-sucedidos num setor que enfrenta inúmeros desafios devido aos incêndios e ao despovoamento.
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A importância da Engenharia no setor florestal e os principais desafios vão estar no centro das atenções da conferência "Floresta de oportunidades", que a Ordem dos Engenheiros da Região Norte organiza, hoje, em Vila Real, no âmbito do seu Roteiros de Engenharia.
A iniciativa, que começa às 14 horas, no auditório do Parque Natural do Alvão, vai destacar projetos que já estão implementados no terreno, protagonizados, em grande medida, por engenheiros. É o caso da empresa Antarr, que se decida ao investimento em Floresta Produtiva Biodiversa, ou do CoLAB ForestWISE, um Laboratório Colaborativo para a Gestão Integrada da Floresta e do Fogo. Ambos estão sediados em Vila Real, no Regia Douro Park e na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, respetivamente.
Dito de forma simples, a atividade de Antarr visa o "restauro da paisagem", segundo o diretor Pedro Lencart, que hoje vai usar a empresa como "um exemplo de como se podem criar oportunidades na floresta". Por seu lado, o ForestWISE visa "criar conhecimento e transferi-lo para a gestão integrada da floresta e do fogo", de acordo com o gestor de projetos, Jorge Cunha.
A Engenharia está presente na Antarr em vários níveis. "A principal é a Florestal, mas também entra a Geográfica, a Biológica e a Agronómica", salienta Pedro Lencart. Esta colaboração entre diversas áreas da Engenharia permite otimizar o processo num projeto que "quer fazer floresta" de "várias espécies e diferentes produtos (madeira, cortiça, castanha, medronho e pinhão, entre outros)". O objetivo é "passar de uma paisagem de monouso para uma mais diversa e com uma componente económica muito forte".
Jorge Cunha também vê a Engenharia como "uma das bases de intervenção nas florestas na altura de criar novas soluções, sejam produtos ou serviços". No entanto, o trabalho do CoLAB ForestWISE é feito em "colaboração com as ciências ambientais, sociológicas, económicas e tecnológicas".
Uma das maiores dificuldades na área da floresta é a formação de engenheiros, com os cursos universitários a despertarem pouco interesse dos jovens. Pedro Lencart realça que "há falta de engenheiros florestais", ao mesmo tempo que "a procura é grande". Acredita que uma das razões é o facto de "o curso não estar na moda" e outra será "a imagem relativamente negativa do engenheiro florestal", que "é muito associado a alguém que planta e corta árvores, o que é considerado errado".
Jorge Cunha reforça que "este desinteresse também ocorre noutros países", o que se traduz em "dificuldade para arranjar recursos humanos para esta área", não obstante ser "uma qualificação que praticamente garante emprego".
"A Engenharia Florestal é uma profissão com futuro"
Bento Aires
Presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Engenheiros da Região Norte
Porque foi escolhido o tema "Floresta de oportunidades" para este Roteiro de Engenharia?
Pretendemos dar a conhecer que o mercado de trabalho está extremamente carente de profissionais de Engenharia Florestal. É uma das engenharias clássicas que estão a ter uma crise de captação de vocações. Mas é um mundo de oportunidades, uma vez que já é extremamente tecnológica. Usa tecnologia de ponta para planear e tem de ser muito mais proativa e não reativa.
A que se deve a falta de interesse?
É, sobretudo, o interesse por engenharias mais tecnológicas, como as informáticas, as eletrónicas ou as de ciências de dados. Mas hoje a Engenharia engloba tudo isso. Mesmo as especialidades que os potenciais engenheiros não encaram como engenharias tecnológicas já o são. A Engenharia Florestal é uma profissão extremamente atrativa e com futuro.
As engenharias são, hoje, mais complementares?
Atualmente, nenhuma das engenharias consegue cumprir a missão de forma isolada. As engenharias trabalham de forma holística, alinhadas nas suas áreas específicas de conhecimento e aplicadas aos projetos. Só isto é que garante que temos ligação entre aquilo que é material, o que é tecnológico, o que é digital e, até, imaterial.
Programa
Roteiros de Engenharia
"Floresta de oportunidades"
14 horas (Auditório do Parque Natural do Alvão em Vila Real)
José Carlos Pinto, delegado Distrital de Vila Real Bento Aires, presidente
do Conselho Diretivo da OERN
14.30 horas
Conferência "Uma floresta de oportunidades"
Moderadora: Sandra Sarmento, diretora regional da Conservação da Natureza e Florestas do Norte
14.45 horas
"A inexplicável atratividade do ensino em engenharia florestal, na busca da inovação?" Domingos Lopes, diretor do Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista
"Antarr, restauro de capital natural"
Pedro Lencart, diretor da Antarr
"Resina: da tradição à inovação"
Marco Ribeiro, presidente da RESIPINUS
"Projetos colaborativos com inovação da ForestWISE"
Jorge Cunho, Project Manager na ForestWISE*
17.30 horas
Encerramento
João Gama Amaral, Coordenador nacional do Colégio de Engenharia Florestal da Ordem dos Engenheiros
*a confirmar