Critério usado pela primeira vez na seleção de futuros médicos. Mais de 600 interessados nas 50 vagas da Católica. Nota mínima de acesso foi 17,4 valores.
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Mais de 600 estudantes manifestaram interesse em ingressar na nova Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Sintra. O primeiro curso de Medicina privado do país abre no dia 13 de setembro, com as 50 vagas preenchidas, quatro das quais por alunos estrangeiros. A nota de entrada mais baixa foi 17,4 valores e a mais alta 19,3, mas a escolha dos candidatos não olha apenas aos resultados dos estudos.
O processo de seleção terminou no final do mês passado. Ao contrário do que sucede no ensino público, para entrar no curso de Medicina da Católica é preciso mais do que uma boa nota. Segundo a faculdade, a nota de candidatura era composta por dois fatores: 85% do peso era a avaliação do Ensino Secundário (50% média do Secundário e 50% exames específicos) e 15% decorriam dos requisitos de seleção. Estes incluíram o preenchimento de quatro perguntas específicas e a avaliação em oito minientrevistas, refere a faculdade, em resposta ao JN. As entrevistas são um recurso usado por muitas universidades privadas para a seleção dos candidatos, mas é a primeira vez que alunos de Medicina passam por esse crivo.
Custa 16 250 euros/ano
Além de boas notas e de corresponder nas entrevistas, os alunos de Medicina da Católica precisam de ter condições financeiras. A candidatura ao curso custa 350 euros, não reembolsáveis, e a frequência anual (propina) tem o valor de 16 250 euros, acrescido de 1500 euros de matrícula e primeira inscrição (a pagar anualmente), indica a tabela de preços da instituição.
No total dos seis anos, o Mestrado Integrado em Medicina fica por quase cem mil euros. O montante, como já explicou a UCP, não difere do custo dos cursos de Medicina públicos. A diferença é que estes são financiados pelo Estado e o da Católica é pago inteiramente pelas famílias. A UCP realça que estão disponíveis duas bolsas de apoio social e duas bolsas de mérito (Bolsa Professor Eduardo Coelho e Bolsa Santander).
Em setembro do ano passado, o curso privado de Medicina da UCP obteve a acreditação condicionada da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). O caminho não foi fácil. O primeiro pedido de acreditação do curso foi chumbado, em outubro de 2018, pela agência liderada por Alberto Amaral. Um ano depois, o parecer condicionado da Ordem dos Médicos, que antes se mostrara frontalmente contra o projeto, mudou o rumo dos acontecimentos. Outras faculdades privadas como a CESPU e a Fernando Pessoa continuam sem conseguir aprovação para um curso de Medicina.
Pormenores
Antigo polo em Sintra
A Faculdade de Medicina da Católica vai funcionar no Campus de Sintra, nas antigas instalações do polo de Engenharia, entre Oeiras e Sintra (perto do Taus Paro).
Dez milhões investidos
A infraestrutura que vai acolher os estudantes foi entretanto reabilitada num investimento de cerca de dez milhões de euros.
Parcerias com Luz Saúde e Maastricht
O Mestrado Integrado da Católica tem parcerias com a Universidade de Maastricht e com o Grupo Luz Saúde. No Hospital da Luz, em Lisboa, vai ser inaugurado, em breve, um laboratório com tecnologia de topo para os alunos. No total, o novo curso tem a duração de seis anos.