A MiGRA Portugal - Associação de Doentes com Enxaquecas e Cefaleias assinala, este sábado, o Dia Europeu da Ação Contra a Enxaqueca lançando a campanha "Temporariamente fora de serviço - por motivo de enxaqueca".
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A iniciativa, desenvolvida em parceria com a Sociedade Portuguesa de Neurologia e a Sociedade Portuguesa de Cefaleias, quer chamar a atenção das entidades patronais e da população em geral para uma doença que afeta 1,5 milhões de portugueses, mas não é compreendida nem valorizada.
"Queremos alertar para o impacto da enxaqueca e a incompreensão dos doentes, que têm crises que os deixam incapacitados e, por isso, temporariamente fora de serviço", diz Madalena Plácido, presidente da MiGRA, explicando que as crises "afetam a vida familiar, pessoal e laboral". Mas "é uma doença invisível, pois as pessoas à volta têm dificuldade em perceber que é mais do que uma simples dor de cabeça", acrescenta.
Universo afetado
A enxaqueca afeta, em média, 15% da população, de acordo com estudos internacionais, pelo que se estima que em Portugal haja "cerca de 1,5 milhões de pessoas que sofrem de enxaqueca", explica Elsa Parreira, médica que preside à Sociedade Portuguesa de cefaleias. Mas a maioria, refere, "não estão diagnosticados devido ao desconhecimento e à desvalorização dos sintomas, tanto por parte dos doentes como dos médicos".
O estudo mundial My Migraine Voice, realizado em 2018 pela European Migraine e Headache Alliance e Novartis , contou com a participação de 143 portugueses e permitiu recolher informações sobre o real impacto da doença. Entre outros dados, revelou que os participantes faltam, em média, 3,8 dias por mês ao trabalho devido a enxaqueca, 79% sentem-se muito limitados para cumprir tarefas diárias, passam 11,6 horas por mês isolados devido a crises e 54% sentem que a sua dor é incompreendida.
Novos medicamentos
A doença não tem cura, mas há vários medicamentos que aliviam sintomas e, nos últimos anos, têm sido desenvolvidos "medicamentos biológicos inovadores que podem melhorar muito a qualidade de vida dos doentes", diz Madalena Plácido. De acordo com a presidente da MiGRA, "há três novos fármacos aprovados, entre 2018 e 2019, pela Agência Europeia de Medicamentos, que custam cerca de 500 euros por mês", mas "ainda não são comparticipados em Portugal". O JN não conseguiu obter informações do infarmed sobre estes medicamentos.