Diretor-geral da Educação reconhece que Portugal continua a ficar "mal na fotografia".
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O diretor-geral da Educação (DGE), José Vítor Pedroso, admitiu esta segunda-feira que Portugal fica "mal na fotografia" por não conseguir ultrapassar a barreira das desvantagens socioeconómicas dos alunos ao nível do sucesso escolar. A afirmação foi proferida durante o webinar "Mudar de rumo, transformar a Educação e o Mundo", promovido pela Federação Nacional de Educação, para assinalar o Dia Internacional do Professor.
"Somos dos países com mais dificuldade em que a escola vença as características socioeconómicas dos alunos", assumiu José Vítor Pedroso. Face a essa situação, afirmou que a vida académica desses estudantes "fica marcada por essa origem económica desfavorecida", pelo que Portugal não está bem posicionado nas estatísticas da equidade. "A escola tem dificuldades em ultrapassar estas barreiras".
Consciente de que os desafios das escolas variam de acordo com a sua localização no território, o diretor da DGE defendeu a necessidade de adaptarem o currículo aos contextos, dentro do plano de autonomia e flexibilidade curricular. "É muito diferente trabalhar numa escola que esteja inserida num meio rural ou num meio urbano, nos subúrbios ou no centro de uma cidade", concretiza.
Importante digitalizar
Para criar um ecossistema favorável à aprendizagem e condições para o sucesso, José Vítor Pedroso considerou fundamental dar prioridade ao equilíbrio socioemocional dos alunos, tal como ao ambiente e à cultura de escola. Destacou, ainda, a importância da digitalização dos estabelecimentos de ensino.
"Quando não há investimento nesta área, regride-se. Se não há renovação de equipamentos e formação de professores, os desequilíbrios tornam-se mais notados", alerta o diretor.
Em contrapartida, sublinhou os impactos positivos, nos últimos 20 a 30 anos, decorrentes do aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos em 2009, nomeadamente a quebra da taxa de retenção no Secundário de 35% em 1995 para 12% na atualidade e a diminuição da taxa de abandono escolar de 50% em 1992 para 8,9% em 2020.
"Tínhamos definido como meta 10% e conseguimos ultrapassá-la. Isso é muito importante para o desenvolvimento do país", realçou. "Portugal não quer basear a sua economia em salários baixos e em mão de obra pouco qualificada".