De forma preventiva ou devido ao diagnóstico de casos de covid-19, há escolas a avançar esta semana com a testagem a alunos.
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Com o país a aproximar-se do pico da quinta vaga, previsto para o final da semana, há diretores que garantem nunca ter tido tantos casos positivos ou isolamentos por coabitantes entre alunos, professores e funcionários. O "vaivém" casa-escola por causa das infeções mantém-se e quebra o ritmo das aprendizagens. Uma semana depois do arranque do segundo período, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP) considera que este regresso foi uma falsa partida.
A Associação Nacional de Diretores (ANDAEP) assinou, na segunda-feira, o protocolo com a Associação Nacional de Farmácias relativo às parcerias para os testes aos alunos. "É uma forma de legitimar o rastreio e de se abrir uma porta que DGS e DGEstE [Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares] fecharam" ao excluírem os estudantes do processo de testagem, defendeu, ao JN, Filinto Lima.
As escolas vão aproveitar os quatro testes pagos pelo Estado a cada cidadão para rastrear os alunos. O protocolo, explica Filinto Lima, não define orientações ou calendário. "Cada escola decidirá de acordo com a incidência". No caso do agrupamento Dr. Costa Matos (Gaia), que dirige, o rastreio avançará quinta e sexta-feira aos alunos do 3.º Ciclo. Muitos diretores vão começar, também nesta semana, pelos estudantes mais velhos, "mas essa pode não ser a regra" e haver quem prefira começar pelos do 1.º Ciclo. A intenção é que todos os abrangidos pela escolaridade obrigatória sejam testados. A testagem será feita de forma faseada em articulação com a farmácia local e requer a autorização escrita dos pais.
Maioria de casos no 1.º ciclo
No agrupamento de Cinfães, a testagem a todos os alunos de turmas com casos positivos também arranca esta semana, esclarece o diretor e presidente da Associação de Dirigentes Escolares (ANDE).
"O vaivém continua. Nunca tive tantos casos: mais de 50", assume, Manuel Pereira, afastando, para já, o ensino à distância. "Não há ainda necessidade. Conseguimos que os alunos tenham a maior parte das aulas na escola. É muito complicado em termos de trabalho quando estamos a querer recuperar atrasos", frisa.
Os dois diretores asseguram que a maioria dos casos é detetada no 1.º Ciclo onde a percentagem de alunos vacinados é menor e não há uso obrigatório de máscaras. O presidente da ANMSP confirma que a maioria dos pedidos de rastreio é para turmas do 1.º e do 2.º ciclos. As crianças, frisa Gustavo Tato Borges, começaram a ser vacinadas, contudo apenas estarão protegidas com as duas doses, devendo esse processo estar concluído no início de março. O médico defende, por isso, que as escolas deviam estar a funcionar em ensino à distância até final de janeiro.
De acordo com as novas regras, as turmas não ficam em isolamento, no entanto todos os alunos têm de ser testados. "No dia seguinte ao regresso às aulas, tínhamos duas ou três turmas para rastrear, no dia 12 eram nove e, na quinta-feira, 23. Todos os dias há mais", revela, assegurando que, neste arranque, "aumentou muito o leque de pessoas que precisam de ser rastreadas".
"Num só dia tivemos 10% de positivos"
No agrupamento de escolas de Cinfães, a testagem a professores e funcionários foi feita entre terça e sexta-feira. A taxa de positividade subiu relativamente a setembro, assume Manuel Pereira. "Num só dia tivemos 10% de casos positivos. Foi um grande abanão", afirmou. No final do processo, entre 240 pessoas testadas, foram diagnosticadas 16 infeções (3,8%) em pessoas assintomáticas, revelou o diretor.
O processo de testagem a cerca de 220 mil educadores, professores e funcionários de todos os ciclos e de escolas públicas e privadas de todo o país prossegue até dia 21. Este rastreio, que desta vez exclui os alunos, tem um custo de cinco milhões de euros. O Ministério só no final do processo deve divulgar a taxa de positividade. A testagem e a vacinação, frisou o ministro, Tiago Brandão Rodrigues, são a "mais-valia" que assegura o ensino presencial.
Perguntas
As crianças que contactem com um caso na escola ficam em isolamento?
Não. Só são considerados contactos de alto risco as crianças que vivam na mesma casa com alguém com covid-19. Só esses casos ficam isolados, já que não têm reforço da vacina.
Estive em contacto com um infetado, mas não tenho sintomas. Fico em isolamento?
Só fica em isolamento se for um contacto de alto risco. Nesse caso, tem de fazer teste ao 3.o e ao 7.o dias e cumprir os sete dias de isolamento, mesmo com teste negativo. De alto risco são os que coabitam com um caso positivo ou que tenham tido contacto com infetados em contexto de lar e outras estruturas para idosos, crianças, prisões ou centro de acolhimento, por exemplo. Os não vacinados ou com esquema incompleto deixam de ser sempre alto risco.
Quantos dias são de isolamento?
Sete. Quem estiver positivo e doente, só terá alta, no mínimo, após 10 dias no caso de doença moderada e após 20 dias se tiver desenvolvido doença grave ou sofrer de imunodepressão.
O autoteste deu positivo. E agora?
Deve contactar o SNS24, que vai marcar-lhe um teste de laboratório. Se estiver sem sintomas, fica em autoisolamento durante sete dias e, se não for de alto risco, não tem de fazer teste para ter alta. Se desenvolver sintomas moderados a graves, será avaliado por um médico.
É preciso fazer teste para sair do isolamento?
Não é preciso teste no caso dos assintomáticos e que não sejam contacto de alto risco (os dias são contados desde a data do teste positivo). Quem tiver sintomas ligeiros pode sair do isolamento após sete dias desde o início dos sintomas, sem precisar de teste, mas só após três dias sem sintomas ou com sintomas ligeiros.