Um terço das turmas de jardim de infância e de 1.º ciclo do ensino básico desperdiça fundos europeus destinados à compra de fruta e hortícolas. Já uma em cada três não tem acesso gratuito a estes alimentos. O Relatório Heróis da Fruta 2022/2023 vai ser apresentado, esta segunda-feira, no Dia Mundial da Alimentação.
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“Aquilo que nos temos vindo a deparar no terreno é que não há conhecimento por parte das escolas que podem recorrer aos fundos europeus, nomeadamente ao regime europeu de fruta escolar para terem acesso a estes alimentos de forma gratuita”, afirma ao JN Raquel Martins, nutricionista e investigadora do ISAMB/FMUL.
Pouco mais de metade das turmas (66,4%) com acesso a fruta gratuita referiram que a fonte de financiamento foi o Regime Europeu de Fruta Escolar.
Raquel Martins observou que a “União Europeia disponibiliza anualmente cerca de 150 milhões de euros para as escolas terem acesso gratuito a fruta e hortícolas. No entanto, Portugal, ao contrário de outros países europeus como Espanha e Itália, não utiliza esta verba na sua totalidade por falta de conhecimento desta possibilidade”.
Alunos da Madeira, Braga e Viseu consomem mais fruta
Segundo o estudo, a Madeira, Braga e Viseu foram as três regiões onde se verificou a maior percentagem de turmas com acesso a fruta distribuída gratuitamente na escola. Ao invés de Portalegre que foi o distrito com menor percentagem com acesso gratuito a estes alimentos.
Após o desafio escolar Heróis da Fruta, verificou-se que cerca de 54,8% dos alunos participantes deixaram de levar diariamente lanches pouco saudáveis para a escola. Mais: quase metade das crianças (48,5%) consumiram pela primeira vez, durante o desafio, pelo menos um destes alimentos que nunca tinham experimentado antes.
Nesta edição do projeto, foram consumidas mais de 979 mil porções de fruta. A investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa alertou que "era necessário uma melhor divulgação destes fundos através das autarquias que são uma entidade que acabam por ter um acesso mais rápido e direto às próprias escolas e passar esta informação”.
A amostra do estudo foi de 21 773 alunos entre os 2 e os 13 anos de idade, de 586 estabelecimentos de ensino de todas as regiões de Portugal, incluindo os arquipélagos.
O estudo foi desenvolvido pela equipa de investigadores do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), em parceria com a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI).