A dois dias úteis do arranque das provas de aferição digitais, o Júri Nacional de Exames publicou o manual de instruções: as escolas vão ter de instalar um programa em cada computador que será usado, pedir credenciais para todos os alunos, criar um servidor se quiserem fazer a avaliação offline e ainda fazer testes reais de preparação. A Associação Nacional de Professores de Informática (ANPRI) já se insurgiu contra o que classifica de "falta de respeito".
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Este ano, as provas de aferição a disciplinas teóricas serão realizadas em formato digital. A avaliação à disciplina de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), que será feita pelos alunos do 8.º ano, vai realizar-se entre 16 e 26 de maio. Para dia 24 está agendada a prova de Ciências Naturais e de Físico-Química, também do 8.º ano. As restantes serão realizadas em junho, nos dias 2, 5, 6, 7, 15 e 20, também por alunos do 5.º e do 2.º ano.
Não tendo a maioria dos agrupamentos técnicos de informática, a ANPRI queixa-se de que os poucos professores do grupo estão "a levar às costas" o programa de transição digital das escolas, tendo de exercer as duas funções: docentes e técnicos.
"Quando é suposto instalar a aplicação? Em que tempo? Os professores foram dispensados das aulas para o fazer? Isto é uma falta de respeito, por favor deixem-nos lecionar as nossas disciplinas", insurge-se a ANPRI através de comunicado.
O Júri Nacional de Exames (JNE) publicou, na quinta-feira, ao final do dia, o manual de instruções. E a Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares (Dgeste) enviou, esta sexta-feira, um email às escolas a alertar os diretores que hoje será "disponibilizada uma nova versão do PAEB", o programa informático de suporte para as provas de aferição e que as escolas vão ter de instalar em cada um dos computadores que serão usados nas avaliações, além de terem de pedir ao JNE credenciais (username e password) para cada um dos alunos.
"Nunca durante o ano letivo, nas diversas reuniões e sessões, as escolas foram informadas da necessidade de instalar uma aplicação nos computadores. Mas surpreendam-se, recebem essas indicações a dois dias úteis do início das provas", lê-se no comunicado enviado pela ANPRI às redações. A associação sublinha que facilmente uma escola de dimensão média tem 6 turmas do 8.º, cerca de 150 alunos, para os quais tem de preparar os equipamentos.
O manual recomenda "testes reais", "com o máximo de alunos previsto" à instalação da aplicação e acesso, independentemente de as escolas estarem a planear realizar as aferições em modo online ou offline. Sendo que a associação assegura que neste caso as escolas "vão ter de criar um servidor local". A ANPRI frisa, no comunicado, não ser contra o processo de desmaterialização de provas e exames mas defende que "para uma maior apropriação do processo por alunos e professores deveria ter sido ponderado o adiamento por um ano letivo".