Maioria dos estabelecimentos do 1.º ciclo não tem espaldares, assumem diretores, que defendem que aferições também servem para avaliar condições.
Corpo do artigo
Cerca de 100 mil alunos do 2.º ano de escolas públicas e privadas vão fazer, a partir de segunda-feira, as provas de aferição de Expressão Artística e de Expressão Física. Os diretores assumem que "boa parte das escolas de 1.º Ciclo não tem todo o material e condições exigidas". Por exemplo, apontam, espaldares e plintos ou salas com uma área mínima de 80 metros quadrados.
Em resposta enviada ao JN, o Ministério da Educação explica que, "se a escola não usou algum material na aplicação do currículo, não terá de usá-lo na prova, uma vez que o objetivo é aferir a aprendizagem". Em 2020, não se realizaram aferições e, no ano passado, as provas foram feitas por amostra. O ministério considera que esta avaliação também vai aferir o impacto da pandemia no ensino e assegura que os resultados irão permitir "definir as estratégias dos anos vindouros".
"A maioria das escolas de 1.º Ciclo não tem espaldares", assume Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores (ANDAEP). "Se os alunos não praticam certos exercícios durante o ano por não terem determinado material, é contraproducente fazerem-no só para a prova", defende Filinto Lima. Além disso, insiste, as provas não servem apenas para aferir as aprendizagens dos alunos, mas também as condições que existem nas escolas.
"É preciso improvisar e encontrar alternativas. Se não há bancos-suecos, há cadeiras ou caixotes. Se não há polivalentes, libertam-se salas. Não é motivo de angústia. O importante é avaliar", sublinha o presidente da Associação de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira. O presidente da Confederação de Pais (Confap) concorda e insiste que as aferições "servem para recolher informação sobre o que é preciso fazer para colmatar falhas e dificuldades de aprendizagem. Caso contrário, não servem para nada", diz Jorge Ascenção.
Furos e passeios
"Há sempre escolas que têm dificuldade em conseguir todo o material, mas se cumprirem durante o ano o programa, terão. O problema é quando só se olha para a Educação Física nas vésperas da aferição", alerta Nuno Ferro. O presidente da Sociedade Portuguesa de Educação Física assegura, tal como os diretores, que, desde 2017, as escolas estão mais bem apetrechadas. No entanto, persiste uma enorme discrepância entre escolas quanto às condições e também quanto ao tempo dedicado à área.
As provas artísticas, mas principalmente as de Educação Física, exigem o envolvimento de um grupo de professores - além dos titulares que acompanham as turmas em avaliação, os classificadores, regra geral de Educação Física, têm de se deslocar da sede para as escolas de 1.º Ciclo.
Filinto Lima e Manuel Pereira assumem que essa mobilização exige "ajustes" nos horários de alunos e professores. O ideal é que a hora da prova se realize quando esses docentes não têm aulas, caso contrário, os alunos podem ter furos ou aulas de substituição. Já as restantes turmas do 1.º Ciclo têm de manter silêncio ou podem "fazer uma atividade, como ir a um jardim, durante esse tempo".
À Lupa
135 minutos
A prova de Expressão Artística divide-se em duas partes: na primeira, de 90 minutos, a sala tem de estar livre de secretárias e cadeiras e o espaço deve ter "uma boa qualidade acústica" para a audição dos ficheiros áudios de música. Os alunos devem levar sapatilhas ou meias antiaderentes. Na segunda parte de 45 minutos, a sala já deve mesas e cadeiras, podendo sentar-se dois alunos por mesa.
Duas versões
As provas têm duas versões diferentes consoante o dia da sua aplicação: a versão 1 para os dias 2, 3, 4 e 5 de maio e a versão 2 nos restantes.
T-shirts e coletes
Os alunos devem ser identificados com t-shirts ou coletes numerados, de acordo com a numeração da turma.
Lista de material
Além dos espaldares, a lista de material para a prova de Educação Física inclui, por escola, cinco colchões, um plano inclinado de espuma (ou trampolins), um banco-sueco, um plinto ou bloco de espuma, diversas bolas, raquetas, cones de sinalização, lenços de cores diferentes, cordas de saltar ou arcos.