Seis meses depois, o processo sobre idosa que aguardou mais de uma hora por ambulância ainda está em instrução.
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Seis meses de uma mulher ter morrido, em Lisboa, após esperar mais de uma hora por uma ambulância, ainda não há conclusões sobre o inquérito aberto no passado dia 25 de julho pelo INEM e, entretanto, avocado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS). A IGAS informou o JN de que o processo, instaurado para "apurar os factos relacionados com a averiguação das circunstâncias de socorro prestado à vítima pelo INEM, encontra-se em instrução".
No final de junho, uma mulher de 83 anos caiu num passeio, perto de casa, em Campolide, e esperou mais de uma hora pelo INEM. O serviço de socorro admitiu, na altura ao JN, que não tinha ambulâncias disponíveis.
"Todas as que foram contactadas, 29 entidades, estavam ocupadas noutras missões de emergência", informou à data. Segundo os vizinhos, a idosa esteve a sangrar da cabeça enquanto aguardava pela ambulância e, ainda, terá esperado por assistência na urgência do Hospital Santa Maria, onde morreu.
Morte de grávida
Também ainda não são conhecidas as circunstâncias da morte da mulher grávida que faleceu após sofrer uma paragem cardiorrespiratória, enquanto era transferida do Hospital Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, porque não havia vagas no serviço de neonatologia na primeira unidade hospitalar.
Segundo a IGAS, que instaurou um processo a 30 de agosto para apurar as circunstâncias da assistência prestada à mulher de nacionalidade indiana, os dois hospitais da Grande Lisboa já se pronunciaram este mês sobre o sucedido.
Neste momento, o processo de averiguações encontra-se "em fase de análise de contraditório, tendo este sido exercido pelas partes envolvidas na assistência prestada, neste caso são o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e o Centro Hospitalar Lisboa Ocidental", esclarece a IGAS.
A morte da grávida indiana precipitou a saída do Governo da então ministra da Saúde, Marta Temido, que pediu a demissão horas depois da notícia. O primeiro-ministro reconheceu, na altura, que este caso foi "a gota de água" para Marta Temido, após várias polémicas na assistência prestada pelo Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente na área da obstetrícia.
SABER MAIS
Atrasos de uma hora
Este ano, entre janeiro e agosto, há registo de 1155 acionamentos do INEM com atrasos de mais de uma hora.
E-mail de denúncia
A Associação Nacional de Técnicos de Emergência Médica criou um e-mail para denúncias da sociedade civil e de profissionais sobre socorro do INEM.