Idosa foi sangrando da cabeça enquanto esperava por ambulância, em Lisboa, mas estavam todas ocupadas.
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Em Campolide, em Lisboa, uma mulher, de 83 anos, caiu num passeio e esperou cerca de hora e meia pelo INEM, que não tinha ambulâncias disponíveis. "Todas as que foram contactadas, num total de 29 entidades, estavam ocupadas noutras missões de emergência", confirmou o INEM ao JN. Há quem diga ainda, entre os populares que a ajudaram, que a idosa ainda esperou duas horas nas urgências do Hospital Santa Maria, onde acabou por falecer na madrugada de terça-feira, mas a unidade hospitalar garante que "casos urgentes entram imediatamente".
Alfredo Pinto, que esteve com a mulher, professora reformada, durante as suas últimas horas de vida, não consegue conter a emoção. "Tenho o curso de socorrismo e fiz tudo o que aprendi, infelizmente não fiz a diferença", diz consternado ao JN. Vários populares ligaram para o INEM, que terá dito que "não havia ambulâncias e que apenas podia fazer uma chamada de acompanhamento". "Foi anedótico. Eu disse, mas para acompanhar o quê? Esta senhora precisa de uma ambulância agora!", recorda.
Há quem diga ainda, entre os populares que a ajudaram, que a idosa ainda esperou duas horas nas urgências do Hospital Santa Maria, onde acabou por falecer na madrugada da passada terça-feira, mas a unidade hospitalar garante que "casos urgentes entram imediatamente".
O episódio aconteceu na passada segunda-feira, na Rua Marquês da Fronteira, em Campolide. A mulher não terá visto o desnível do passeio quando tropeçou e caiu batendo com a cabeça no chão. Durante uma hora e meia, todos os que por ali passaram tentaram acudir como sabiam. Funcionários de um hotel forneceram toalhas e uma almofada e os populares, desesperados, ligaram para várias corporações de bombeiros, algumas ali perto, que informaram que apenas podiam sair com indicação dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). Um carro da polícia municipal também terá passado no local, mas, recorda Alfredo, "os agentes disseram que não podiam ajudar".
"Grande violência"
À medida que o tempo ia passando, a idosa terá estado a perder sangue. "Bateu com a cabeça com grande violência. A toalha usada para estancar a hemorragia estava pesada. Ainda assim, esteve sempre consciente, pedia desculpa por estar a incomodar", lembra. Passado uma hora e meia, chegou uma ambulância dos Bombeiros de Fanhões, corporação de Loures. "Disseram que estavam noutro serviço ali perto e tinham sido acionados há dez minutos. Não conseguimos perceber como no centro da cidade não havia outra ambulância", lamenta.
O INEM diz ao JN que "desde a hora de receção da chamada, 12h30, até às 13h42, o CODU tentou, sem sucesso, acionar uma ambulância para dar resposta a esta situação". "Todas as que foram contactadas, num total de 29 entidades, estavam ocupadas noutras missões de emergência. Foi acionada a ambulância que mais rapidamente ficou disponível, no caso, a dos Bombeiros Voluntários de Fanhões. O CODU foi mantendo contacto com o local da ocorrência para acompanhar o estado de saúde da doente", esclareceu ao JN.
O INEM explica que "a indisponibilidade momentânea de meios no sistema é uma situação pontual". "Nesta situação em particular, o INEM e os parceiros do sistema não se pouparam a esforços para concretizar o envio de uma ambulância o mais rapidamente possível, não conseguindo, infelizmente, fazê-lo num menor espaço de tempo", assegura.
O Instituto de Emergência Médica diz ainda que "desde o início de junho foi reforçado o dispositivo de meios para o verão, operados pelos parceiros do INEM, com um acréscimo de 23 meios no país, com mais quatro ambulâncias a reforçar a área metropolitana de Lisboa". Acrescenta que "continua a registar um aumento global da sua atividade". "Só no dia 18 de julho, foram recebidas no CODU 4715 chamadas de emergência, mais 952 chamadas que em igual período de 2021. Destas 4715 chamadas, 341 não constituíam emergências médicas".