Após uma hora de encontro, os líderes do Bloco de Esquerda e do PCP guiaram-se pelo mesmo diapasão: estão reunidas as condições que ditam o afastamento da Direita do poder.
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Sem a presença de qualquer dirigente do PS, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa admitiram um ambiente de "determinação" e "confiança" que guia a Esquerda.
Naquele que foi o primeiro encontro entre o BE e o PCP, Catarina Martins voltou a frisar que os bloquistas viabilizarão "um Governo PS" e que decorrem "neste momento conversações para se perceber pontos de convergência". Contundo, a porta-voz do BE recusou revelar se uma plataforma governativa à Esquerda é para cumprir quatro anos de mandato.
Disse Catarina, que "pelo Bloco de Esquerda não faltará um acordo" que dite o fim do Governo de Passos Coelho e Portas. "Estamos perante três partidos [PS, BE e PCP] que se destacaram por defender a constituição", fez questão de salientar.
Já Jerónimo de Sousa sublinhou que "o PCP apresentará uma moção de rejeição a um Governo PSD/CDS" assim que o Parlamento arrancar em funções. Questionado pela evolução das negociações com o PS, o líder comunista adiantou que "é um processo que continua em andamento". "Não está nada fechado. Da nossa parte não desistimos de procurar soluções conjuntas", admitiu, acrescentando que se trata de "um caminho que não é fácil, tendo em conta que partimos de pressupostos diferentes".
António Costa tinha apontado esta sexta-feira como o prazo para que existisse à Esquerda uma alternativa à governação da coligação PSD/CDS-PP, mas Jerónimo garantiu que "não foi colocado nenhum prazo" na reuniões técnicas que já decorreram.
Recorde-se que a reunião foi pedida pelos bloquistas há dois dias. Do lado do BE, sentaram-se à mesa a porta-voz do partido Catarina Martins, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares e Adelino Fortunato, da comissão executiva nacional, em substituição de Jorge Costa. Já pelo PCP, estão o secretário-geral Jerónimo de Sousa, o líder parlamentar João Oliveira e Jorge Cordeiro, do Comité Central.
Este encontro ocorreu quando ambos os partidos já desenvolviam, de forma isolada, reuniões técnicas com os socialistas há vários dias. Porém, foi o PCP que deu o tiro de partida, logo na terça-feira depois das legislativas.
O JN apurou que, até este momento, não está previsto nenhum encontro que junte PS, PCP, BE e Verdes (PEV).
No total, comunistas e socialistas estiveram reunidos duas vezes. Já os bloquistas teriam a sua segunda reunião com dirigentes do PS quinta-feira, que acabou adiada para esta sexta-feira, depois deste encontro.
O secretário-geral do PS, António Costa, admitiu em Bruxelas, junto da família socialista europeia, que este conjunto de conversações à Esquerda apontam para a possibilidade de existir um governo alternativo à coligação Portugal à Frente.