O presidente do PSD avisou, esta terça-feira, o primeiro-ministro de que "o poder não é eterno" e que os socialistas "já tiveram a sua oportunidade e desperdiçaram-na", dizendo estar a chegar "a vez" de os sociais-democratas governarem.
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No encerramento das Jornadas Parlamentares do PSD, que decorreram na Madeira, onde o partido governa desde 1976, Luís Montenegro aconselhou também António Costa a "tomar um banho de realidade" e a ser mais humilde.
"O poder não é eterno, o poder serve para mudar e transformar a vida das pessoas, e é preciso saber conviver com a circunstância de umas vezes sermos nós a protagonizar essa mudança e outras vezes serem outros", afirmou.
Luís Montenegro acrescentou que "o mundo não vai acabar quando acabar o Governo do PS": "Não é preciso estarem tão agarrados, estão ali como lapas, ali agarradinhos, a democracia é isto, já tiveram o vosso tempo, já tiveram a vossa oportunidade e já a desperdiçaram. Está a chegar a nossa vez, vamos estar no sítio certo para ganhar eleições e governar Portugal", disse.
É para mudar "algumas coisas" ou não haverá revisão
Na mesma ocasião, o presidente do PSD afirmou que só vai dar acordo para haver revisão constitucional se o PS aceitar mudar "algumas coisas" e não apenas os dois aspetos que tem apontado como fundamentais, relacionados com metadados e emergências sanitárias.
"Só vai haver revisão constitucional se for para mudar algumas coisas na Constituição, não é para mudar apenas aquilo que o PS quer. O PSD não vai dar borlas constitucionais ao PS", avisou.
Por isso, prosseguiu Montenegro, se os socialistas pretendem com esta revisão "mudar só aquelas duas coisas que consideram mais importantes, não vai haver revisão constitucional", numa referência implícita às alterações (semelhantes nos projetos de PS e PSD) que pretendem constitucionalizar que os serviços de informações tenham acesso a metadados de comunicações e que medidas de isolamento possam ser decretadas sem recurso ao estado de emergência.
Qualquer alteração à Constituição tem de ser aprovada por dois terços, o que, na atual composição parlamentar, implica o voto a favor de PS e PSD.