O grupo terrorista Estado Islâmico considera os civis o seu alvo preferencial, dada a dificuldade em atingir alvos militares. O canal "Nashir Português Channel" foi lançado através do sistema de mensagens Telegram.
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O objetivo é definido no discurso que constitui a primeira grande divulgação do canal de comunicações em português daquela organização radical islâmica. O canal "Nashir Português Channel" foi lançado através do sistema de mensagens Telegram.
Vasco Amador, da Global Risk Awarness, destacou a existência de um discurso de 14 páginas de Abu Muhammad Al-Adnani, intitulado "Que eles sobrevivam como prova". O JN teve acesso ao conteúdo do discurso em português, que Vasco Amador aponta como sendo um primeiro passo para chegar ao espaço da língua portuguesa.
Segundo Vasco Amador, a criação de um canal do Estado Islâmico em Português e o próprio discurso têm como alvo, não especificamente Portugal, mas todo o espaço cibernáutico que fala português.
Aquele especialista salienta que se trata de um ação de marketing para melhor fazer passar a massagem do Estado Islâmico e conseguir novos aderentes. Isto tendo em conta as comunidades muçulmanas no países lusófonos, em particular no Brasil.
Na penúltima página, entre apelos a ataques terroristas por parte dos dirigentes e partidários, o dirigente radical aponta: "Chegou até nós que alguns de vocês não agem, por incapacidade de chegar a alvos militares". É a constatação da dificuldade do Estado Islâmico em atacar estruturas bem defendidas. Mas Al-Adnani aponta uma alternativa: o ataque a civis. "Saibam que você atacando aqueles que são chamados "civis" é mais querido por nós e mais efetivo, já que é mais prejudicial, doloroso e maior derrota para eles" (sic).
Embora o português não seja o mais correto, não restam dúvidas sobre as intenções, e Al-Adnani salvaguarda, no caso de um rebate de consciência, que, na "terra dos cruzados beligerantes, não há santidade de sangue e nem há existência dos tão chamados inocentes".
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A pressão militar na Síria e no Iraque também é abordada pelo dirigente terrorista, mas apenas para questionar, na quarta página: "seríamos derrotados e vocês vitoriosos se vocês tomassem Mosul ou Sirte ou Raqqa? Ou talvez até todas as cidades e nós tivéssemos que voltar a nossa condição inicial? Certamente não! Verdadeira derrota é a perda de força de vontade e desejo de lutar".